11 de mar. de 2010

Gravidez na Adolescência

2º Ano
Carga horária: 12h

CAPACIDADES

• Elaborar suposições e hipóteses acerca dos fenômenos biológicos em estudo e identificar a interferência dos aspectos místicos e culturais nos saberes do senso comum relacionados a aspectos biológicos, reconhecendo diversas abordagens sobre um mesmo tema.
• Escolher medidas que representem cuidados com o próprio corpo e promovam saúde sexual e reprodutiva.

APRENDIZAGENS ESPERADAS / CONTEÚDOS DE DIFERENTES TIPOS

• Reconhecimento dos saberes do senso comum como uma forma de explicar a realidade, sabendo identificar quando diferem da explicação científica sobre um mesmo fenômeno e julgando situações em que podem trazer prejuízos à saúde.
• Utilização de diferentes formas de linguagem e representação usadas na Biologia, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica etc.
• Observação, registro, organização e sistematização de dados e informações.
• Consulta, análise e interpretação de textos e comunicações referentes aos assuntos estudados veiculados por diferentes meios.
• Busca de explicações científicas como recurso para compreender fenômenos relacionados ao corpo humano e à saúde.
• Análise e previsão de fenômenos ou resultados de experimentos científicos.
• Apresentação, de forma organizada, do conhecimento biológico aprendido, através de textos, desenhos, esquemas, gráficos, tabelas, maquetes, etc.
• Conhecimentos sobre a gravidez na adolescência como fator de risco à saúde.
• Conhecimentos sobre processos contraceptivos e medidas que representem cuidados com o próprio corpo e promovam saúde sexual e reprodutiva dos indivíduos.
• Estabelecer relações entre gravidez na adolescência e os fatores socioeconômicos e culturais de uma determinada população.
• Assumir a responsabilidade de cuidar seu próprio corpo para que não ocorram situações futuras indesejadas, como uma gravidez precoce.
• Conhecer as etapas de uma gravidez. Identificar as vantagens e desvantagens num parto normal e numa cesárea.

RECURSOS

Sala de vídeo (agendado com antecedência), retroprojetor ou data show, flohas A4, lapiz, lapiz de cor (opcional).

SITUAÇÕES DE APRENDIZAGENS

1 – Como modo de problematizar e contextualizar o assunto de Sexualidade: Gravidez na adolescência será apresentada a seguinte reportagem:
Aumenta o índice de gravidez na adolescência (em anexo)

Para identificar o nível de interpretação a respeito do texto se fará algumas perguntas como: qual a faixa etária das garotas em que vem aumentando o índice de gravidez na adolescência? A gravidez na adolescência é um caso específico das classes sociais mais carentes? Quais os fatores (segundo a reportagem) que contribuem para o problema? etc. Uma vez que o aluno conseguiu interagir com o teor da reportagem, e tendo sanado algumas dúvidas em relação ao tema jornalístico, se promoverá um debate estimulando-os a posicionar-se diante de um tema importante como a gravidez na adolescência, bem como a refletir a cerca da importância de se planejar uma relação sexual com todos os cuidados que o momento requer. O debate será orientado por meio das seguintes questões:

a) Por que adolescentes estão engravidando?
b) Qual o papel do homem nessa história?
c) Quais são as principais conseqüências de uma gravidez não planejada?
d) O que fazer para prevenir a gravidez não planejada na adolescência?
e) Quais as dificuldades que os adolescentes sentem para se prevenirem?
f) Que opções têm um casal de adolescentes quando descobre a gravidez?
g) Qual é a reação do garoto quando descobre que ela está grávida?
h) E se for com alguém que se saiu só uma vez? É diferente para meninos e meninas? Por quê?
i) O que muda na vida do garoto que vai ser pai?
j) Qual a reação dos pais da garota? E dos pais do garoto?
k) Acrescente outras questões que você achar relevantes para o debate. (Sexualidade é mais que sexo, PMRB, 2007).

A seguir, cada aluno receberá uma folha A4, os alunos serão convidados a fazer um desenho que represente a personalidade deles, ou seja, se eles se consideram radicais, devem acrescentar um skate (ou outro elemento considerado radical), por exemplo. A idéia é que o aluno se reconheça no desenho.
Os questionamentos abaixo serão copiados no quadro e os alunos deverão respondê-las na mesma folha do desenho.

1. O que os pais temem que aconteça aos filhos?
2. Quais são suas necessidades de adolescente?
3. E seus pais, o que eles acham que seja importante pra você?
4. Falar sobre sexo o deixa constrangido? Por quê?
5. Acha importante falar sobre sexualidade?
6. O que fazer para evitar uma gravidez indesejada?
7. Por que evitar uma gravidez indesejada na adolescência?
8. Substitua ou acrescente outras questões que você achar interessantes para a atividade.

A intenção desta dinâmica/atividade não é criticar banalmente posições conservadoras ou liberais, e sim, reconhecer e valorizar a importância de viver uma adolescência plena, sem preocupações com riscos de gravidez. O jovem deve ser instigado a valorizar sua liberdade de adolescente respeitando os valores familiares e sociais, e que, independente de nossa cultura, religião, costumes, etc., os adolescentes devem ser conscientes de todo risco de gravidez na adolescência, e por isso, ele deve ter, reconhecer e assumir uma postura sensata diante dessa problemática. Assim sendo, este momento é oportuno para mostrar todos os contraceptivos disponíveis pela rede de saúde pública que estão ao alcance de qualquer cidadão, o aluno será orientado sobre o uso adequado de cada preservativo, sobre o modo de conservação, sobre o respeito à sua integridade física e à do(a) parceiro(a), etc.

2 – Os alunos serão convidados a participar da elaboração de um projeto de pesquisa escolar para ser executado por eles, de modo que eles vivenciem de perto o problema de gravidez na adolescência. O objetivo do projeto, modelo e metodologia proposta se encontram em anexo.
Formar grupos para que façam propostas de questões a serem colocadas no questionário de entrevista do projeto. Para isso deve ser traçado um perfil da pesquisa que se quer fazer, o que certamente irá nortear o tipo de perguntas a serem inseridas no questionário. Todas as questões devem ser apresentadas, logo a turma decidirá, com orientação do professor, as questões que farão parte do formato final do questionário.
Os alunos serão orientados sobre o modo de abordagem para as entrevistas, pois se trata de uma pesquisa escolar cujo tema é um tanto polêmico, assim, a abordagem deve ser respeitosa para evitar constranger o entrevistado.

3 – Abordagem do tema gravidez, suas etapas e cuidados durante o período pré e pós parto. O aluno deve compreender a importância de se fazer o pré-natal, e os cuidados a serem tomados pela mãe após o parto para preservar sua saúde e a do bebê. Os textos e imagens aqui sugeridos são a base desta abordagem.
Adolescência e Gravidez (em anexo)
Adolescência e o Parto (em anexo)
Aspectos psicossociais (em anexo)
A Gravidez É MESMO indesejada? (em anexo)
As Emoções da Futura Mãe (em anexo)
Importância do Pré-natal (em anexo)
17 Dúvidas freqüentes da gestante (em anexo)
Etapas da Gravidez (em anexo)

4 – Apresentar os slides sobre parto normal e cesárea (em anexo), e com a ajuda dos textos anexados para esta atividade se abordará as principais diferenças entre estes tipos de partos e o que é conveniente de acordo a cada situação da parturiente.
Seis razões para tentar o parto normal (em anexo)
Parto cesárea: os riscos de uma cirurgia agendada sem necessidade (em anexo)

5 – Apresentar os resultados finais da pesquisa para debate em sala de aula, o que inclusive pode ser estendido para toda a comunidade escolar. O aluno deve formar sua própria opinião a respeito dos dados, e deve ser desafiado a comparar os dados obtidos na escola com outros ambientes que ele tem contato, sua casa, a rua e bairro onde mora, por exemplo.

AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS

• Observação, registro e análise de como o aluno procede enquanto realiza as atividades de estudo.
• Confrontação entre ideias prévias/hipóteses iniciais do aluno com o registro de seus conhecimentos e opiniões ao longo do semestre.
• Registros e relatórios das atividades investigativas elaborados individualmente e em grupo, considerando: adequação conceitual e do uso da linguagem científica, organização das informações.
• Acompanhamento dos trabalhos dos alunos durante as atividades investigativas.
• Acompanhamento da aprendizagem das diferentes linguagens ou formas de representação trabalhadas em um tema: texto, tabela, quadro, gráfico, esquemas de etapas de transformação, maquete, relato pessoal, relatório ou outra.
• Relatórios das atividades de entrevista e pesquisa bibliográfica, elaborados individualmente ou em grupos.
• Produção de texto sobre as hipóteses do aluno e argumentações a favor ou contrárias ao julgamento de cada uma das afirmações debatidas ao longo do semestre como mito ou verdade.
• Produção de textos argumentativos sobre gravidez na adolescência do ponto de vista social e da saúde.

ANEXOS

1 –
Aumenta o índice de gravidez na adolescência
A cada ano aumenta o número de adolescentes grávidas no Estado do Acre. Para se ter uma idéia, cerca de 20% das crianças que nascem a cada ano são filhas de adolescentes. Atualmente, três vezes mais garotas com menos de 15 anos engravidam, se comparado às últimas três décadas. A maioria não tem condições financeiras nem emocionais para assumir essa maternidade.
A gravidez na adolescência acontece em todas as classes sociais, mas a incidência é maior e mais grave em populações mais carentes. O rigor religioso e os tabus morais internos à família, a ausência de alternativas de lazer e de orientação sexual específica contribuem para aumentar o problema.
Médicos, psicólogos e assistentes sociais concordam que a liberalização da sexualidade, a desinformação sobre o tema, a desagregação familiar, a urbanização acelerada, as precariedades das condições de vida e a influência dos meios de comunicação são os maiores responsáveis pelo aumento do número de adolescentes grávidas. “Como prevenção, exige-se do poder público que ofereça programas efetivos de orientação sexual e planejamento familiar. Além disso, as adolescentes grávidas, ou que já são mães, precisam ter alternativas para que possam continuar seus estudos e garantir o sustento do filho”, declarou a gerente técnica do Hospital Infantil de Rio Branco, Miza Félix.
A estudante E.F.N., de 16 anos, diz que a falta de informação foi o principal motivo que a levou a engravidar. Hoje, ela aconselha às adolescentes a não terem relações sexuais sem o uso do preservativo. Na ocasião, ela enfatizou, ainda, que não pretende ter outros filhos, pois, atualmente, sabe como fazer para evitá-los. “Pretendo continuar meus estudos, para no futuro oferecer uma boa educação para meu filho, já que minha família não tem condições financeiras para isso”, declara. (Jornal O Rio Branco, 21 de março de 2005.)

2 –
Proposta de Projeto de Pesquisa

GOVERNO DO ESTADO DO ACRE
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

Escola: Colégio Estadual...
Número de alunos envolvidos no projeto: xx
Turma envolvida no projeto: 2º
Horas aulas previstas:
Nome do projeto: Gravidez na Adolescência

Justificativa:
A cada ano aumenta o número de adolescentes grávidas no Estado do Acre. Para se ter uma idéia, cerca de 20% das crianças que nascem a cada ano são filhas de adolescentes. Atualmente, três vezes mais garotas com menos de 15 anos engravidam, se comparado às últimas três décadas. A maioria não tem condições financeiras nem emocionais para assumir essa maternidade. A gravidez na adolescência acontece em todas as classes [...] (O Rio Branco, 2005).
A própria realidade da escola nos permite verificar o exposto pela reportagem acima. É verdade que o poder público tem a responsabilidade de trabalhar na prevenção dessa e outras problemáticas, oferecendo acesso e informação aos nossos adolescentes com campanhas educativas em Unidades Básicas de Saúde, Escolas, bairros, etc. Essas atividades têm sido muito notadas pela população, mesmo assim, o índice de gravidez na adolescência parece não ter sofrido atenuação. Dessa maneira, a escola, como formadora social, se vê na obrigação de participar de forma ativa na prevenção de Gravidez na Adolescência, formando um senso crítico no aluno que o permita ter e assumir sua sexualidade de maneira responsável e sadia.

Disciplinas:

Biologia, ____________, _____________

Responsáveis pela execução do projeto:

Professores: _____________________, _____________________

Atividades:
• Elaboração de questionários de entrevista
• Pesquisa nas turmas de primeiro ano
• Pesquisa nas turmas de segundo ano
• Pesquisa nas turmas de terceiro ano
• Elaboração de relatório
• Organização dos dados
• Apresentação de resultados

Competências/Habilidades trabalhadas na realização do projeto

 
 

 


Metodologia:
As turmas de segundo ano serão divididas em grupos (o número de grupos será determinado de acordo às atividades que se fizerem necessário), construirão questionário único (no qual não haverá espaço de identificação do entrevistado, a não ser o sexo e a idade, as perguntas devem sugerir respostas objetivas para facilitar a quantificação dos dados) para entrevista nas turmas de primeiro, segundo e terceiro ano (todas as turmas ou escolhidas aleatoriamente em cada série e/ou turno). Será feito um agendamento (pelo professor) de conhecimento da equipe gestora e do professor que estiver em sala de aula no momento da aplicação do questionário, dessa maneira se evitará que os grupos voltem mais de uma vez para cada sala de aula inserida na pesquisa.
Cada grupo deverá registrar em relatório todas suas atividades e entregá-las ao professor em data marcada. Os dados coletados de cada turma deverão ser transformados em tabelas ou gráficos, a seguir todos os grupos que pesquisaram na mesma série somaram seus dados para uma mesma tabela ou gráfico. Finalmente os dados serão apresentados e discutidos com a turma e/ou comunidade escolar.

Cronograma de execução:

 
 
 
 
 
 
 
 
 


Produto:
Espera-se que os resultados do projeto apontem para a problemática de gravidez na adolescência de modo mais palpável para o aluno. Este projeto deve permitir a formação de uma consciência mais realista com a sexualidade do adolescente, uma vez, que foram eles os alvos da temática trabalhada, e eles mesmos, serão os agentes formadores de opinião.

3 -
Adolescência e Gravidez
Adolescência implica num período de mudanças físicas e emocionais considerado, por alguns, um momento de conflito ou de crise. Não podemos descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo.
A puberdade, que marca o início da vida reprodutiva da mulher, é caracterizada pelas mudanças fisiológicas corporais e psicológicas da adolescência. Uma gravidez na adolescência provocaria mudanças maiores ainda na transformação que já vinha ocorrendo de forma natural. Neste caso, muitas vezes a adolescente precisaria de um importante apoio do mundo adulto para saber lidar com esta nova situação.
A atividade sexual da adolescente é, geralmente, eventual, justificando para muitas a falta de uso rotineiro de anticoncepcionais. A grande maioria delas também não assume diante da família a sua sexualidade, nem a posse do anticoncepcional, que denuncia uma vida sexual ativa. Assim sendo, além da falta ou má utilização de meios anticoncepcionais, a gravidez e o risco de engravidar na adolescente podem estar associados a uma menor auto-estima, a um funcionamento familiar inadequado, à grande permissividade falsamente apregoada como desejável a uma família moderna ou à baixa qualidade de seu tempo livre. De qualquer forma, o que parece ser quase consensual entre os pesquisadores, é que as facilidades de acesso à informação sexual não tem garantido maior proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e nem contra a gravidez nas adolescentes.
Uma vez constatada a gravidez, se a família da adolescente for capaz de acolher o novo fato com harmonia, respeito e colaboração, esta gravidez tem maior probabilidade de ser levada normalmente e sem grandes transtornos. Porém, havendo rejeição, conflitos traumáticos de relacionamento, punições atrozes e incompreensão, a adolescente poderá sentir-se profundamente só nesta experiência difícil e desconhecida, poderá correr o risco de procurar abortar, sair de casa, submeter-se a toda sorte de atitudes que, acredita, “resolverão” seu problema. O bem-estar afetivo da adolescente grávida é muito importante para si própria, para o desenvolvimento da gravidez e para a vida do bebê. A adolescente grávida, principalmente a solteira e não planejada, precisa encarar sua gravidez a partir do valor da vida que nela habita, precisa sentir segurança e apoio necessários para seu conforto afetivo, precisa dispor bastante de um diálogo esclarecedor e, finalmente, da presença constante de amor e solidariedade que a ajude nos altos e baixos emocionais, comuns na gravidez, até o nascimento de seu bebê.
Mesmo diante de casamentos ocorridos na adolescência de forma planejada e com gravidez também planejada, por mais preparado que esteja o casal, a adolescente não deixará de enfrentar a somatória das mudanças físicas e psíquicas decorrentes da gravidez e da adolescência.
A gravidez na adolescência é, portanto, um problema que deve ser levado muito a sério e não deve ser subestimado, assim como deve ser levado a sério o próprio processo do parto. Este pode ser dificultado por problemas anatômicos e comuns da adolescente, tais como o tamanho e conformidade da pelve, a elasticidade dos músculos uterinos, os temores, desinformação e fantasias da mãe ex-criança, além dos importantíssimos elementos psicológicos e afetivos possivelmente presentes.

Adolescência e o Parto
A adolescência é um período de mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que separam a criança do adulto, prolongando-se dos 10 aos 20 anos incompletos, segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou dos 12 aos 18 anos de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil.
As piores complicações do parto tendem a acometer meninas com menos de 15 anos e, serão piores ainda em menores de 13 anos. A mãe adolescente tem maior morbidade e mortalidade por complicações da gravidez, do parto e do puerpério. A taxa de mortalidade é 2 vezes maior que entre gestantes adultas.
A incidência de recém nascidos de mães adolescentes com baixo peso é duas vezes maior que em recém nascidos de mães adultas, e a taxa de morte neonatal é 3 vezes maior. Entre adolescentes com 17 anos ou menos, 14% dos nascidos são prematuros, enquanto entre as mulheres de 25 a 29 anos é de 6%. A mãe adolescente também apresenta, com maior freqüência, sintomas depressivos no pós-parto.
Em 2000, segundo a pesquisadora Raquel Foresti, foram realizados 689 mil partos de adolescentes no Brasil, o equivalente a 30% do total dos partos do país. Hoje são mais de 700 mil partos de adolescentes por ano. O número é um golpe contra as várias iniciativas voltadas para a prevenção da gravidez na adolescência.
O que tem preocupado obstetras em geral é a possibilidade da gravidez na adolescência ser considerada "de risco", com conseqüentes complicações por ocasião do parto. Segundo Marco Aurélio Galletta e Marcelo Zugaib, a gravidez será considerada de risco quando a gestante ou o feto estão sujeitos a lesões ou mesmo morte, em decorrência da gravidez ou puerpério (após o parto). Segundo esses autores, a mortalidade materna e peri-natal são maiores na gravidez na adolescência. No Brasil, grande parte das mortes na adolescência está relacionada às complicações da gravidez, parto e puerpério. As complicações mais freqüentes da gravidez e parto na adolescência são:

1. Toxemia gravídica, que é uma doença hipertensiva da gravidez com fortes possibilidades de convulsões;
2. Maior índice de cesarianas;
3. Desproporção céfalo-pélvica, que é uma desproporção entre o tamanho da cabeça do feto e a pelve da mãe;
4. Síndromes hemorrágicas, chamada de coagulação vascular disseminada;
5. Lacerações perineais, envolvendo vagina e, as vezes o ânus;
6. Amniorrexe prematura, que é ruptura precoce da bolsa e;
7. Prematuridade fetal.

Outros ainda adicionam: anemia materna, trabalho de parto prolongado, infecções urogenitais, abortamento, apresentações anômalas, baixo peso da criança ao nascer, malformações fetais, asfixia peri-natal e icterícia neonatal.
Depois do parto, Anne Lise Scappaticci, psicanalista e autora de pesquisa sobre jovens mães, concluiu que as adolescentes oferecem mais o seio para amamentação e estimulam mais os bebês que mães adultas, favorecendo assim uma melhor interação com a criança. Essa pesquisa, entretanto, contradiz boa parte da literatura científica, a qual sugere maior risco de não atender as necessidades de seus filhos por parte das mães adolescentes.
A pesquisa de Anne Lise mostrou que as adolescentes interagiram mais e por mais tempo com seus bebês em dois, dos seis aspectos analisados: "oferecer o seio" e "estimular o bebê". Foi considerado estimular o bebê o ato de tocar, acariciar, afagar, beijar, acalentar e esfregar. Das adolescentes, 23,69% estavam no grupo que mais oferecia o seio para o bebê, enquanto 60,7% das 28 adultas estavam no grupo que oferecia menos. Quando se trata do critério "mãe estimula o bebê", o resultado é igual: novamente as mais jovens estimulavam mais seus bebês.
Quando o quesito era estimulação dos recém-nascidos, houve maior freqüência entre as mães adolescentes. Naquelas cujo bebê era o primeiro filho, 78% acariciavam, beijavam e embalavam mais a criança. Já as mães adultas, indiferente de ser o primeiro filho ou não, estimulavam pouco os recém-nascidos.

Aspectos psicossociais
A Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde, de 1996, mostrou um dado alarmante; 14% das adolescentes já tinham pelo menos um filho e as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior. Entre as garotas grávidas atendidas pelo SUS no período de 1993 a 1998, houve aumento de 31% dos casos de meninas grávidas entre 10 e 14 anos. Nesses cinco anos, 50 mil adolescentes foram parar nos hospitais públicos devido a complicações de abortos clandestinos. Quase três mil na faixa dos 10 a 14 anos.
Nos últimos 10 anos, verificou-se que as mulheres estão começando sua vida sexual cada vez mais cedo, o mesmo sucedendo com a prática contraceptiva. Até os 15 anos, em 2006, 33% das mulheres já haviam tido relações sexuais, valor que representa o triplo do ocorrido em 1996.
Inegavelmente a gravidez precoce e/ou indesejada leva a algum prejuízo no projeto de vida e, por vezes, na própria vida. Há, concomitantemente, possíveis outros riscos relacionados ao aborto e a doenças sexualmente transmissíveis entre as quais AIDS.
As taxas de gravidez e infecções sexualmente transmissíveis na adolescência são indicativos da freqüência com que a atividade sexual (desprotegida) ocorre nessa faixa etária. Talvez possam ser considerados aspectos sociais (talvez, bio-psíco-sociais) alguns fatores de risco para gravidez na adolescência:

• Antecipação da menarca
• Educação sexual ausente ou inadequada
• Atividade sexual precoce
• Desejo de gravidez
• Dificuldade para práticas anticoncepcionais
• Problemas psicológicos e emocionais
• Mudanças dos valores sociais
• Migração mal sucedida
• Pobreza (?)
• Baixa escolaridade
• Ausência de projeto de vida

As complicações psicossociais relacionadas à gravidez na adolescência são, em geral, mais importantes que as complicações físicas. Fatos que devem ser levados em consideração, inclusive pela equipe que faz o pré-natal seriam, por exemplo, o abandono do lar dos pais, o abandono pelo pai da criança, a opressão e discriminação social, a interrupção dos estudos e suas conseqüências futuras, tais como os empregos menos remunerados, a dependência financeira dos pais por mais tempo.
Os casamentos ou co-habitação precoces, motivados exclusivamente pela gravidez, tem levado a uma maior taxa de separações. Alguns autores afirmam que as uniões contraídas antes dos 20 anos terminam em separação 3 a 4 vezes mais que nas uniões contraídas após os 20 anos.
Os filhos de mães adolescentes, segundo Verena Castellani V. Santos, tendem a sofrer mais a negligência materna, têm maior risco de serem adotados, são internados em hospitais mais vezes, e sofrem mais acidentes que filhos de mães adultas. Revela ainda que eles têm um risco aumentado para ter atraso de desenvolvimento, dificuldades acadêmicas, desordens de comportamento, abuso de drogas, e se tornarem também pais adolescentes.

A Gravidez É MESMO indesejada?
Como entender a garota que tem bom conhecimento da sexualidade, conhece os métodos anticoncepcionais, tem acesso a eles, não quer engravidar e, apesar disso tudo, engravida? Que força “do mal” é esta que, contrária a todas as possibilidades, fez vingar uma gravidez? Embora não seja a regra, tem sido comum encontrar adolescentes felizes, depois do susto do resultado positivo do exame de gravidez, dizendo que a criança é bem vinda e que, apesar de seu pai ter ficado muito bravo, todos já estão festejando a vinda do mais novo membro à família.
Na opinião dessas jovens quase deslumbradas com a gravidez (muitas dissimulando, como se estivessem muito tristes), a pílula falhou, a tabelinha falhou, a camisinha rasgou... ou coisas assim mas, de qualquer forma foi alguma coisa “completamente” acidental, emancipada da vontade delas. Mas, será mesmo que não havia nenhuma vontadezinha, ainda que inconsciente, de engravidar? Algumas adolescentes grávidas, entretanto, continuam dizendo, depois do exame positivo, que não queriam e não querem ter o filho, que não se vêem criando uma criança. Estará esta jovem mãe pronta para assumir a função materna?
Mas o drama da gravidez em adolescentes não é monopólio das meninas. E o rapaz? Afinal, sem sua participação não haveria a concepção. Infelizmente, os rapazes, principalmente aqueles que apenas “ficam”, dificilmente vão sentir como sendo sua também a responsabilidade sobre a gravidez. Normalmente os rapazes têm uma visão um tanto minimizada da gravidez imposta à menina. Afinal, como pensam, a gravidez só pode ter como conseqüência, uma gigantesca transformação no corpo (que não é seu), a necessidade de um acompanhamento pré-natal (que pode muito bem acontecer sem ele), o parto (que também acontece sem ele estar presente), abandonar os estudos (que também não dizem respeito a ele), os cuidados com o bebê por alguns poucos seis ou sete anos, e assim por diante.
Sobre as razões pelas quais adolescentes engravidam, pesquisadores portugueses concluíram, por aplicação do método fenomenológico, que a gravidez na adolescência não é planejada, mas pode ser desejada. Constataram ainda que o uso de contraceptivos seja influenciado pela informação e que existem em muitas jovens expectativas de mudança de vida associada à gravidez.
Em nosso meio a questão da gravidez na adolescência continua desafiando teorias e hipóteses sociológicas. Pesquisa realizada por pesquisadoras da obstetrícia do Hospital São Paulo mostrou que, apesar de receber informações sobre métodos anticoncepcionais durante o pré-natal e depois do parto, muitas adolescentes engravidam por mais de uma vez.
As pesquisadoras realizaram uma pesquisa com 413 adolescentes atendidas pelo pré-natal do Hospital São Paulo entre 1996 e 1998. Do total, 159 (38,5%) tinham menos de 16 anos, e 254 (61,5%) entre 17 e 19 anos. Entre as adolescentes pesquisadas, 22,5% engravidaram depois de terem recebido orientações sobre métodos anticoncepcionais e, destas, 79,6% tiveram duas gestações e 20,4% três.
A conclusão desse trabalho foi que, apesar da orientação sobre métodos anticoncepcionais, as adolescentes continuam engravidando, "talvez por não terem grandes perspectivas de vida ou simplesmente por emoção", explica Cristina Guazzelli, professora assistente da Obstetrícia. "Entre as adolescentes que tiveram três gestações, foi comum cada filho ser de um pai diferente, ou seja, em cada relacionamento, repetiu-se a vontade de ter um filho com o parceiro, analisou a docente.

As emoções da futura Mãe
De modo geral não se pode dizer que as depressões previamente presentes piorem a gravidez, obrigatoriamente, pois se observa exatamente o contrário na prática clínica, algumas mulheres apresentam uma melhora da sintomatologia depressiva quando se encontram grávidas. Também não é possível tentar estabelecer alguma regra geral, segundo a qual a gravidez de adolescentes predispõe ao estado depressivo. E a base destas alterações do humor para melhor, quando ocorrem, parece estar relacionada a alguma alteração hormonal. Sendo a progesterona o hormônio dominante da gravidez, pode ser possível que exista algum benefício se estas mulheres, que melhoram da depressão durante a gravidez, continuem a tomar progesterona, fora da gravidez.
Se existe algum período da gravidez onde possa ser observada uma melhor performance emocional, essa época é entre a 17a. e 20a. semanas de gestação. Isso parece estar relacionado à produção hormonal pela placenta. Nessa fase da gravidez, o sistema endócrino da mulher trabalha ativamente para promover o crescimento uterino e do bebê. No entanto, passado algum tempo, a placenta torna-se a principal responsável pela produção hormonal. Este fato explica, em parte e como vimos acima, as sensações de melhora física, pois, a produção placentária não tem tantos efeitos secundários quanto a produção endócrina.
Mesmo assim, as reações emotivas da grávida tornam-se mais intensas e muitas delas ficam surpreendidas com sua sensibilidade emocional, onde até um simples anúncio televisivo pode fazê-las chorar. Além desses determinantes biológicos e hormonais, a grávida adolescente teria ainda razões de ordem existencial para alimentar a extrema labilidade afetiva.
Normalmente, as pessoas costumam não acreditar serem suficientemente boas, suficientemente organizadas, suficientemente ricas ou suficientemente suportadas. As inseguranças, nessas questões de auto-estima, são normais e fisiológicas. Da mesma forma, muitas mulheres não acreditam que serão capazes de ser boas mães. Em algumas adolescentes grávidas, o infantilismo fisiológico próprio da faixa etária e prontamente substituído por esse complexo de mãe incompetente.
O trabalho de parto é receado por muitas adolescentes, sobretudo porque é amplamente desconhecido. A melhor forma de ultrapassar o medo é falar abertamente sobre o assunto. A partilha de idéias com outras mulheres que sentem o mesmo pode ser uma ajuda preciosa. Durante a gravidez, a mulher pode sentir dificuldades na concentração ou na articulação de vocábulos simples. O esquecimento passa também a ser freqüente. Estes fenômenos podem ser alarmantes, sobretudo para as mulheres que não estão prevenidas. No entanto, todas estas alterações regridem com o parto.
Geralmente a adolescente grávida passa a ser rodeada de conselhos, críticas, sugestões e advertências. Todos parecem ter algo a dizer; alguns amigos querem contribuir para o crescimento do filho, professores e parentes procedem com críticas amargas e dissimuladas, familiares mais próximos com veementes censuras... e assim por diante.
Embora possa ser agradável receber alguma atenção, muitas vezes pode ser perturbador. A emotividade subjacente a este período torna a mulher hipersensível a algumas sugestões, nomeadamente, no que se refere à sua própria saúde ou à do seu bebê. Esta é uma boa altura para ignorar conselhos inúteis e para aumentar o próprio discernimento quanto às opiniões de interesse.
Mas não é raro que a grávida adolescente experimente algumas sensações de ser especial e isso pode aliviar a eventual depressão pela qual esteja passando. Quando a gravidez se torna óbvia e irreversível, a mulher passa a ter um estatus que lhe confere alguns privilégios; caixas dos supermercados prioritárias para grávidas ou de lugares reservados nos transportes públicos, etc.
De acordo com a pesquisadora Raquel Foresti, os depoimentos mostram que as adolescentes que engravidam apresentam um ponto em comum: a fragilidade no processo de formação de sua identidade. Algumas delas não conseguiram criar vínculos com o mundo do trabalho e tiveram vários empregos em um curto período de tempo. Outras não enxergam perspectivas nos estudos.
Muitas vezes elas demonstram um comportamento mais infantil do que o esperado para sua idade e não aceitam as responsabilidades. Por isso, sentem que não encontram seu espaço no mundo, analisa a psicóloga.
Para essas meninas, a gravidez tem uma dupla função. “Além de servir como justificativa para a inadequação, a barriga traz certo poder e até status dentro da família. Preenche o vazio que elas sentem por causa da crise de identidade", afirma Raquel.

Importância do Pré-natal
Chama-se pré-natal o acompanhamento de saúde da gestante que o obstetra faz desde os primeiros dias da gravidez até o momento do parto. Como a futura mamãe passa por alterações físicas e emocionais, nesse período, é importante que cuide de si mesma e do seu futuro bebê sob a orientação de um médico.

Consultas ao médico
Logo que se confirma a gravidez, a mulher deve iniciar seu pré-natal, pois, assim, compreenderá melhor o que se passa com seu corpo e ficará mais tranqüila. Na primeira consulta, o médico fará um exame clínico completo, inclusive avaliação ginecológica, e solicitará exames de laboratório. Recomendará dieta alimentar adequada e pedirá que a futura mamãe volte regularmente para acompanhamento do desenvolvimento do bebê. O intervalo entre as consultas deve ser de, no máximo, cinco semanas. No último mês, esse intervalo deverá ser semanal.

Exames de laboratório
Todos os exames solicitados pelo médico têm a finalidade de detectar algum problema materno que possa afetar a saúde do bebê. São eles:

• Hemograma - para pesquisa de anemia;
• Teste ELISA - para pesquisa de AIDS;
• VDRL - para pesquisa de sífilis;
• Exame de grupo sangüíneo e fator RH;
• Papanicolaou - para análise do colo do útero;
• Pesquisa de rubéola e toxoplasmose;
• Glicemia de jejum pós - dextrosol para pesquisa de açúcar no sangue;
• Exame de urina e urocultura - para pesquisa de infecção urinária e perda de proteína na urina;
• Exame de fezes - para pesquisa de verminose;
• Ultra-som - para avaliação do número de semanas da gestação e estado do feto.
A partir do quarto mês de gestação, a ultra-sonografia consegue mostrar o sexo do bebê. Esse exame deve ser repetido mais vezes para que o médico possa acompanhar o desenvolvimento do feto.

Orientações médicas para a gestante
Ao longo dos nove meses de gestação, o obstetra orientará sua cliente sobre:
• Condições físicas - De acordo com os exames clínicos e exames de laboratório, indicará medicamentos convenientes. Nenhuma mulher deve auto-medicar-se. (Em caso de dores de cabeça ou gripe, deve telefonar para o seu médico).
• Necessidade de vitaminas - Receitará suplementos vitamínicos que contribuirão para a saúde do bebê.
• Dieta alimentar - Esclarecerá a gestante sobre dieta balanceada, de modo a manter o peso ideal.
• Consumo de café, cigarros e álcool - Explicará os motivos da proibição de cafeína, fumo e bebidas, que podem prejudicar o bebê.
• Combate ao estresse - Recomendará técnicas de relaxamento e cursos preparatórios para o parto natural.
• Exercícios físicos - Aconselhará determinados tipos de ginástica e algumas atividades seguras, como caminhada e natação.
• Preparo para o aleitamento e cuidados com a pele - Indicará cremes especiais para prevenir estrias no abdome e fortalecer o bico dos seios.

Sinais de alerta
Em caso de emergência, como crises de pressão alta, cólicas, perda de sangue, dores lombares ou trabalho de parto prematuro, é preciso entrar em contato imediatamente com o médico.
Recomendações que toda gestante deve seguir:
• Organizar uma pasta com todos os exames de laboratório em ordem cronológica;
• Guardar, em ordem, as receitas médicas, para seu próprio controle, no caso de precisar ser atendida por outro médico;
• Ter, sempre, à mão o seu cartão de acompanhamento pré-natal, preenchido com todos os dados;
• Seguir, rigorosamente, a orientação médica;
• Não faltar às consultas e exames marcados.

Teste de risco fetal
Modernamente, há exames de líqüido amniótico que podem ser feitos, entre a décima-quarta e décima-oitava semana de gestação, para verificar riscos de anomalias do bebê, como Síndrome de Down e más formações do tubo neural.

17 Dúvidas freqüentes da gestante
1- Posso dirigir durante a gestação?
Sim. Não se esqueça de usar o cinto de segurança. Nos dois últimos meses deve-se evitar dirigir demasiadamente, pois nesta época as contrações uterinas normais podem começar a aumentar e prejudicar a concentração. Se precisar fazer longas viagens, é recomendável parar a cada 2 horas para se alimentar, hidratar-se, urinar, movimentar-se ou caminhar um pouco.

2- Posso praticar esportes?
Sim. Com moderação e que respeite os limites físicos desta fase. Atividades físicas de impacto, que exigem grande esforço físico ou que possam representar algum perigo devem ser evitadas, pois podem expor a futura mamãe e o bebê a riscos desnecessários.

3- Posso usar salto alto?
À medida que a barriga cresce o ponto de equilíbrio da mulher também se altera. É recomendável usar sapatos confortáveis de salto baixo e de base larga, evitando chances de quedas.

4- Fumar prejudica o bebê?
O hábito de fumar já é prejudicial à saúde, principalmente durante a gravidez. A gestante que fuma pode ter sérios problemas de circulação sanguínea em nível de placenta. Isto pode prejudicar muito a chegada de oxigênio para o bebê, causando não só retardo de crescimento do feto, como também um descolamento prematuro da placenta. Conseqüentemente fatores como estes diminuem as chances do bebê nascer saudável. Leia mais sobre tabagismo na gravidez.

5- Posso consumir bebida alcoólica?
O álcool é prejudicial ao bebê, não deve ser consumido durante a gravidez. A ingestão contínua de bebidas alcoólicas próximas ao parto pode levar o bebê a ter a síndrome de abstinência alcoólica fetal (ao nascer a criança poderá ter febre, convulsão, angústia respiratória, diarréia). Leia mais sobre alcoolismo na gravidez.

6- Posso tomar sol?
Devido a mudança hormonal que ocorre durante a gravidez, a pigmentação da pele pode aumentar irregularmente em algumas áreas, como no rosto. Durante esta fase, principalmente após o segundo trimestre, o uso de alguns tipos de fotoprotetor está indicado. Mesmo assim, tomar sol em excesso deve ser evitado, pois pode aumentar as manchas na pele.

7- Posso tingir os cabelos?
Apesar de não existir até o momento estudos conclusivos sobre este assunto, a utilização de produtos químicos nesta fase não é recomendada, pois o contato com substâncias com o couro cabeludo pode levá-las a circulação sanguínea e ser tóxico ao bebê. O melhor é dar preferência aos produtos industrializados evitando a mistura de cosméticos. Saiba mais sobre tinturas na gestação.

8- Posso comer o que eu quiser?
Se não houver qualquer restrição sob orientação médica, a gestante saudável não precisa restringir a alimentação que deve ser saudável, evitar tanto o excesso quanto a escassez de calorias. Leia as dicas de nutrição na gestação.

9- Por que os médicos prescrevem vitaminas para a mulher antes, durante e depois da gravidez?
O estado nutricional é um dos principais determinantes da saúde e do bem-estar da gestante. Além disso, é comprovada a relação entre o estado nutricional materno e o crescimento e desenvolvimento do feto. Mesmo em gestantes saudáveis que se alimentam adequadamente, a deficiência de micronutrientes (vitaminas e sais minerais) durante a gestação pode não ocorrer, mas também causar danos à sua saúde e de seu bebê.

10- O consumo de vitaminas engorda?
Não existe comprovação científica, principalmente com a gestante, que tenha demonstrado que as vitaminas engordam.

11- Posso ir ao dentista e tomar anestesia?
Tratamentos dentários podem ser realizados em qualquer período da gestação e a anestesia pode ser administrada sempre que for necessário. É possível que o dentista peça autorização ao médico que faz seu pré-natal.

12- Posso me submeter ao exame de Raio-X?
Se necessário você pode se submeter a este tipo de exame, pois a dose de radiação é mínima. Os médicos e técnicos que realizam o exame sempre devem ser avisados, pois em alguns casos é possível que a gestante utilize um avental de chumbo sobre o abdômen para proteger-se da radiação.

13- O que fazer para diminuir o inchaço nas pernas?
Durante o dia-a-dia tente usar meias elásticas de média compressão, apropriadas para gestantes. Sempre que possível procure manter os pés elevados. Na hora de dormir, procure deitar para o lado esquerdo, pois esta posição favorece a circulação sanguínea diminuindo o inchaço.

14- Durante a gravidez pode-se ter relações sexuais?
Sim. Desde que não haja contra-indicação médica. É preciso apenas escolher as posições mais confortáveis, à medida que a barriga cresce. Saiba mais sobre sexo na gravidez.

15- Quanto tempo após o parto pode-se ter relações sexuais?
Tanto o parto normal quanto a cesariana é recomendável que a mulher retorne às atividades sexuais apenas após 40 dias do nascimento do bebê, época em que o organismo já está bem recuperado.

16- Qual é o melhor tipo de parto?
É aquele que tanto a mamãe quanto seu bebê sai nas melhores condições possíveis. Por isso o pré-natal é tão importante, pois fornece informações úteis para ajudar o médico a decidir junto com o casal a melhor opção de parto.

17- Qual o melhor tipo de anestesia para o parto?
Depende do tipo e momento do trabalho de parto, além das indicações médicas para cada caso. Em geral, para o parto normal há duas opções: anestesia local ou raqui/peridural contínua utilizando-se pequena dose de anestésico. Para a cesariana, a anestesia pode ser raqui ou peridural

As etapas da Gravidez  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 –
Seis razões para tentar o parto normal
Por Paula Desgualdo

Como a natureza quer: se o parto normal é o desfecho natural de uma gravidez, por que fugir dele antes mesmo de saber se uma cesárea é de fato indicada para o seu caso? “O ideal é que o bebê escolha o dia em que quer nascer”, diz o obstetra Luiz Fernando Leite, das maternidades Santa Joana e Pro Matre, em São Paulo. É claro que, na hora do parto, às vezes surgem complicações. Aí, sejamos justos, a cesariana pode até salvar a vida da mãe e do filho. “Mas, quando a cirurgia é agendada com muita antecedência, corre-se o risco de a criança nascer prematura, mais magra e com os músculos ainda não completamente desenvolvidos”, adverte o obstetra.
A criança respira melhor: quando passa pelo canal da vagina, o tórax do bebê é comprimido, assim como o resto do seu corpo. “Isso garante que o líquido amniótico de dentro dos seus pulmões seja expelido pela boca, facilitando o primeiro suspiro da criança na hora em que nasce”, explica Rosangela Garbers, neonatalogista do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Sem falar que as contrações uterinas estressam o bebê – e isso está longe de ser ruim. O hormônio cortisol produzido pelo organismo infantil deixa os pulmões preparados para trabalhar a todo vapor. A cesárea, por sua vez, aumenta o risco de ocorrer o que os especialistas chamam de desconforto respiratório. Esse problema pode levar a quadros de insuficiência respiratória e até favorecer a pneumonia.
Acelera a descida do leite: “Durante o trabalho de parto, o organismo da mulher libera os hormônios ocitocina e prolactina, que facilitam a apojadura”, afirma Mariano Sales Junior, da maternidade Hilda Brandão, da Santa Casa de Belo Horizonte. No caso da cesárea eletiva, a mulher pode ser submetida à cirurgia sem o menor indício de que o bebê está pronto para nascer. Daí, o organismo talvez secrete as substâncias que deflagram a produção do leite com certo atraso – de dois a cinco dias depois do nascimento do bebê. Resumo da ópera: a criança terá de esperar para ser amamentada pela mãe.
Cai o mito da dor: por mais ultrapassada que seja, a imagem de uma mãe urrando na hora do parto não sai da cabeça de muitas mulheres. Segundo Washington Rios, coordenador da maternidade de alto risco do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, não há o que temer. “A analgesia é perfeitamente capaz de controlar a dor”, afirma. Isso porque há mais de dez anos os médicos recorrem a uma estratégia que combina a anestesia raquidiana, a mesma usada na cesárea, e a peridural. “A paciente não sofre, mas também não perde totalmente a sensibilidade na região pélvica”, explica a anestesista Wanda Carneiro, diretora clínica do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Dessa forma, ela consegue sentir as contrações e até ajudar a impulsionar a criança para fora.
Recuperação a jato: 48 horas após o parto normal, a nova mamãe pode ir para casa com o seu bebê. Em alguns casos, para facilitar a saída da criança, os médicos realizam a episiotomia, um pequeno corte lateral na região do períneo, área situada entre a vagina e o ânus. Quando isso acontece, a cicatrização geralmente leva uma semana. Já quem vai de cesariana recebe alta normalmente entre 60 e 72 horas após o parto e pode levar de 30 a 40 dias para se livrar das dores.
Mais segurança: como em qualquer cirurgia, a cesárea envolve riscos de infecção e até de morte da criança. “Cerca de 12% dos bebês que nascem de cesariana vão para a UTI”, revela Renato Kalil, obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. No parto normal, esse número cai para 3%. “A sensação da cesariana é semelhante à de qualquer outra cirurgia no abdômen. É, enfim, como extrair uma porção do intestino ou operar o estômago”, compara Kalil. E, convenhamos, o clima de uma sala cirúrgica não é dos mais agradáveis: as máscaras dos médicos, a sedação, a dificuldade para se mexer...

Parto cesárea: os riscos de uma cirurgia agendada sem necessidade
Ana Paula Pontes e Malu Echeverria

Por falta de informação, as gestantes tendem a acreditar que a cesárea é um tipo de parto mais seguro do que o vaginal. Mas dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam que não é bem assim. Estudo que catalogou mais de 100 mil nascimentos em países asiáticos, divulgado no jornal médico Lancet recentemente, mostra que as grávidas que passaram por uma cesárea têm mais chances de morrer durante o parto ou de sofrer complicações como transfusão de sangue e histerectomia. Os riscos, caso a cesárea seja realizada antes da mulher entrar em trabalho de parto e sem indicação médica, são 2.7 vezes maiores do que no parto vaginal, segundo as estatísticas. Já no caso dos partos cirúrgicos feitos antes do trabalho de parto, mas com indicação médica, o número cai para 2.1.
Dados do The NHS INformation Centre, na Inglaterra, por exemplo, trouxeram preocupação aos médicos britânicos ao mostrar que 25% dos partos no Reino Unido, entre 2008 e 2009, foram cirúrgicos. Já nos Estados Unidos, em 2005, esse índice já era de 30,2%. No Brasil, os números são ainda mais assustadores. Somente no SUS, 33,25% dos partos realizados em 2008 foram cirúrgicos, de acordo com o Ministério da Saúde, o que representa cerca de 655 mil cesáreas. Todos esses dados contrariam a recomendação da Organização Mundial de Saúde, que determina que esse tipo de parto represente somente entre 10% e 15%.
O grande problema da cesárea é quando ela é eletiva (ou seja, agendada sem a mulher estar em trabalho de parto). Se houver um erro no cálculo da idade gestacional, o que é comum, o bebê pode nascer prematuro. Sem necessidade, a criança pode deixar de ganhar peso, amadurecer os pulmões, o que acontece nas últimas semanas de gravidez, e pode ter de ficar internada na UTI neonatal.

No tempo certo
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, avaliou 13.258 cesáreas eletivas. Destas, 35,8% aconteceram antes de 39 semanas, e o resultado mostrou que os bebês nascidos com 37 e 38 semanas apresentaram mais risco de complicações, entre elas problemas respiratórios e hipoglicemia. “Muitas cirurgias são feitas sem necessidade, apenas por comodismo, tanto dos pais da criança, que querem se organizar melhor, quanto dos médicos, que não precisam desmarcar consultas para realizar um parto a qualquer momento”, diz Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês (SP).
A situação é diferente, no entanto, quando a mãe entra em trabalho de parto e, no meio do caminho, é preciso realizar uma cesárea. O risco de a criança ter problemas pulmonares é menor porque, durante o processo, o bebê sofre uma compressão no útero da mãe e, segundo Pupo, há uma série de transformações que acontecem na criança de maneira que ela fica mais preparada para sobreviver fora do útero. “Não se deve interferir num processo natural, a não ser em casos específicos em que há risco de vida para a mãe e o bebê”, enfatiza o ginecologista.
A data provável dos partos é em torno de 40 semanas de gestação. E, se mãe e filho estiverem bem, esse prazo pode se estender até 41 semanas e 6 dias.

Quando o parto cesárea é realmente necessário?
• Quando a placenta cobre parcial ou totalmente o colo do útero, impedindo a saída do bebê, a chamada placenta prévia;
• Caso a mãe tenha herpes genital com lesão ativa até um mês antes do parto;
• Em casos raros de doenças cardíacas;
• Se o bebê está atravessado, mas antes é possível tentar ajudá-lo a ficar na posição correta;
• Nos casos em que a gestante tenha aids com varga viral muito alta ou desconhecida;
• Quando há descolamento prematuro de placenta;
• Se a abertura do colo da mãe é pequena para o bebê, algo que ocorre em menos de 5% dos partos;
• Nas situações em que o cordão umbilical penetra no canal de parto antes do bebê;
• Se há diminuição drástica no fluxo de oxigênio ou nos batimentos cardíacos, o que ocorre em apenas 1% dos partos.

Parto normal
Parto cesárea
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLONE, G. J. Adolescência e Gravidez. PsiqueWeb 2003. Disponível em: http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/adolesc3.html Acesso em: 24 set. 2008.

BUENO, G. M. Variáveis de risco para a gravidez na adolescência. PsiqueWeb 2003. Disponível em: http://www.virtualpsy.org/infantil/gravidez.html Acesso em: 24 set. 2008.

PETIT, R. Cena pós-parto. Olhares. 2008. Disponível em: http://olhares.aeiou.pt/cena_pos_parto/foto1688686.html Acesso em: 24 set. 2008.

Site Medico. Importância do Pré-natal. 2008 Disponível em: http://www.sitemedico.com.br/sm/materias/index.php?mat=783 Acesso em: 22 set. 2008.

DESGUALDO, P. Seis razões para tentar o parto normal. Editora Abril S. A. Disponível em: http://www.bebe.com.br/gravidez/saude/seis-motivos-parto-normal.php Acesso em: 24 set. 2008.

PARTO FELIZ. Cesárea. 2000. Disponível em: http://www.partofeliz.com.ar/index.html Acesso em: 29 set. 2008.

ABORTO. Parto Cesariana 4. Atualizado em: 13 jul. 2005. Disponível em: http://www.aborto.com.br/etapasparto/cesariana4.htm Acesso em: 30 set. 2008.

RONDONOTICIAS. Saiba como funciona um centro cirúrgico e uma cesariana. Publicado em: 29 ago. 2005. Disponível em: http://www.rondonoticias.com.br/showSecaoNew.jsp?CdTpMateria=110 Acesso em 30 set. 2008.

ANA PAULA PONTES. Parto cesárea: os riscos de uma cirurgia agendada sem necessidade. Globo.com. Disponível em: http://revistacrescer.globo.com/ Acesso em: 22 fev. 2010.

PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO. Coordenadoria Municipal da Mulher. Sexualidade é mais que sexo: é afeto, segurança e carinho. Rio Branco, AC. 2007. 69 p.