4 de jun. de 2010

Classificação dos Seres Vivos

3º Ano EM
Carga horária: 16 h

CAPACIDADE


• Utilizar critérios científicos para realizar classificações de seres vivos e compreender que a Sistemática, cujos resultados se expressam pela Taxonomia, organiza a diversidade dos seres vivos e facilita seu estudo, revelando padrões de semelhança que evidenciam as relações de parentesco evolutivo entre diferentes grupos de organismos.

APRENDIZAGENS ESPERADAS / CONTEÚDOS DE DIFERENTES TIPOS

• Observação, registro, organização e sistematização de dados e informações.
• Análise e previsão de fenômenos ou resultados de experimentos científicos.
• Consulta, análise e interpretação de textos e comunicações referentes aos assuntos estudados veiculados por diferentes meios.
• Apresentação, de forma organizada, do conhecimento biológico aprendido, através de textos, desenhos, esquemas, gráficos, tabelas, maquetes, etc.
• Conhecimentos sobre os princípios básicos da Sistemática e da Taxonomia.
• Reconhecimento de que a falta de consenso entre os cientistas quanto à classificação biológica revela tanto as dificuldades quanto a variedade de pontos de vista sobre o assunto, indicando que a ciência é um processo em contínua construção.
• Conhecimento da hierarquia nas relações de inclusão das seguintes categorias taxonômicas: espécie, gênero, família, ordem, classe, filo e reino.
• Conhecimentos sobre as regras básicas da nomenclatura biológica e sua importância para a comunicação científica.
• Compreensão dos princípios básicos da elaboração das árvores filogenéticas e dos cladogramas e reconhecimento de que são formas de representar as relações de parentesco entre os seres vivos.
• Caracterização de cada um dos reinos de seres vivos (Monera, Protoctista, Fungi, Plantae e Animalia) quanto a: tipo de célula (procariótica ou eucariótica); quantidade de células (unicelular ou multicelular); nutrição (autotrófica ou heterotrófica).
• Compreensão dos motivos pelos quais os vírus não são incluídos em nenhum dos reinos de seres vivos (são acelulares).
• Conhecimentos sobre a estrutura geral dos vírus e seus ciclos reprodutivos, com ênfase nos vírus da gripe e da AIDS.
• Relação entre algumas doenças causadas por vírus, formas de disseminação, prevenção e tratamento.
• Valorização dos conhecimentos científicos e técnicos sobre os vírus e reconhecimento de que tais conhecimentos podem contribuir para a manutenção e melhoria da saúde humana.
• Caracterização geral, especialmente quanto à morfologia, nutrição e reprodução, dos seres procarióticos: bactérias e arqueas.
• Discussão da importância das bactérias para a humanidade (bactérias fixadoras de nitrogênio, bactérias decompositoras, bactérias causadoras de doenças etc.).
• Características gerais dos fungos.
• Reconhecimento da importância ecológica e econômica dos fungos (na produção de alimentos, bebidas alcoólicas e medicamentos, na decomposição, como causadores de doenças etc.).
• Noções gerais sobre doenças causadas por fungos e suas formas de disseminação, tratamento e prevenção.

RECURSOS

Sala de vídeo, material impresso, laboratório de ciências, materiais diversos de laboratório (placa de petri, microscópio, lupa, luvas, etc), data show.

SITUAÇÕES DE APRENDIZAGENS

1 – A turma será organizada em grupos de no máximo três alunos, distribuir uma cópia impressa das figuras em anexo para cada grupo. Cada grupo deverá reorganizar as figurinhas formando conjuntos de animais, plantas e/ou objetos de acordo com as características que eles julgarem pertinentes. Em seguida, cada grupo será convidado a apresentar sua atividade justificando o critério de classificação usado por eles na reorganização das figuras. Se os alunos dividirem as figuras somente em vertebrados e invertebrados, por exemplo, serão questionados se os vertebrados podem ser também divididos em outros subgrupos. O objetivo desta atividade é fazer o aluno compreender que os seres vivos estão agrupados, de fato, com algumas características em comum que podem ser observadas a olho nu. Dessa forma, fazendo a intervenção sobre as apresentações dos alunos, serão trabalhados os conceitos de sistemática, o desenvolvimento da classificação biológica, sistemática moderna, contextualizando com a atividade que os alunos realizaram.

2 – Leitura de textos científicos em duplas, sobre a história da classificação dos seres vivos para a montagem de um gráfico e/ou tabela de linha do tempo, com as principais descobertas cientificas sobre a classificação dos seres vivos; identificando conceitos básicos, apontando evidencias e conclusões e, destacando os principais protagonistas (filósofos, naturalistas e cientistas) na construção desse conhecimento (texto em anexo). Após a conclusão e a discussão desta atividade é necessário destacar os princípios básicos da sistemática e principalmente a contribuição de Karl Von Linnée.

3 – Tratar sobre os reinos dos seres vivos destacando suas principais características (texto de apoio em anexo) e o que as difere entre si. A seguir, serão enunciadas algumas questões que os alunos deverão responder de forma individual no caderno, como modo de verificação dos conteúdos trabalhados. A correção será coletiva, e as dúvidas devem ser sanadas no mesmo instante da correção.

1) Com que finalidade se classifica os seres vivos?
2) Considere os seguintes seres vivos: mosca, homem, cavalo, macaco, borboleta e zebra. Adote um critério de classificação e separe-os em grupos.
3) Quais as características que definem um ser vivo como pertencente à mesma espécie do outro?
4) Quais são as regras básicas para nomear os seres vivos, de modo a serem identificados com facilidade no mundo todo?
5) Quais são os cinco reinos da Natureza? Cite um ser de cada reino, como exemplo.
6) Identificar os seguintes animais usando os critérios taxonômicos estudados.








4 – Trabalho de seminário sobre as principais doenças causadas por bactérias fungos e vírus, a seguir como sugestão:








Serão escolhidos alguns destes temas ou outros de acordo ao numero de grupos que se possa formar na sala de aula, os trabalhos devem ser apresentados ao professor com impressão padronizada dentro das normas da ABNT (padrão adaptado em anexo), e apresentados em sala de aula em forma de slides com uso do PowerPoint, transparências ou ainda cartazes ilustrativos (sugestão de slides em anexo). O trabalho deve obedecer e/ou abordar os seguintes tópicos:
• Introdução;
• Agente etiológico;
• Modo de transmissão;
• Sintomatologia;
• Tratamento e prevenção;
• Conclusão.

Algumas aulas serão agendadas na biblioteca ou sala de informática a fim de possibilitar e garantir a pesquisa por parte dos alunos, nestes espaços o trabalho de pesquisa deve obedecer aos itens acima citados como modo de roteiro. O seminário será apresentado ao final da seqüência didática.

5 – Iniciar esta aula questionando aos alunos sobre o que eles já conhecem a respeito da Influenza A H1N1 (gripe suína). O que eles ouviram nos jornais? Como essa doença se apresentou em nosso estado? ou se eles conheceram alguém que fora acometido pelo H1N1? Usando as informações do texto de apoio (em anexo) será feito um panorama da gripe suína no Brasil e no mundo, qual o agente causador dessa doença e por que ela é ou foi tão temida. A seguir se trabalhará a estrutura dos vírus, seu metabolismo, tipos de reprodução e o porquê dos vírus não fazerem parte de nenhum dos reinos dos seres vivos.

6 – O texto em anexo “Super Bactérias” a ser lido com a participação dos alunos tem como objetivo introduzir o assunto do reino monera. Após a leitura ocorrerá um debate a respeito do tema. Os questionamentos a seguir direcionarão o debate entre os alunos.
• O que acham que são bactérias?
• Onde podem ser encontradas?
• Será que só causam mal?
• O que pode ter originado as super bactérias?
• O que são hábitos de higiene?
• Temos hábitos de higiene pessoal para evitar uma infecção bacteriana?
• Os nossos hábitos de higiene nos protegem apenas das bactérias? etc.

Algumas imagens serão usadas para ilustrar os conteúdos sobre a estrutura das bactérias, reprodução, morfologia, importância.

7 – Agora que os alunos possuem um melhor conhecimento sobre as bactérias nada melhor que visualizá-las e compreender que as mesmas podem estar em qualquer lugar. Para isso será realizada a atividade prática descrita em anexo.

8 – Questionamento aos alunos sobre o que são fungos e que idéia eles têm desses seres. São apenas cogumelos? Ou microrganismos que causam algumas doenças na pele? Será que eles conhecem alguns dos papéis que os fungos exercem na natureza e na indústria? Utilize o texto “O maior ser vivo” (em anexo) para abordar as características, diversidade, reprodução e importância dos fungos.

9 – Apresentação do seminário (com prévio agendamento de todos os instrumentos necessários e devidamente testados), o tempo de aula deve ser bem distribuído (dependendo de quantas aulas serão dedicados a este seminário) para facilitar a dinâmica do evento. Quanto ao modo de avaliar, resgatar para o aluno o que já foi acordado em relação à apresentação do seminário.
Cada grupo terá no máximo 15 minutos de apresentação, ao que será somado mais 5 minutos ao final da apresentação para perguntas e dúvidas por parte dos alunos e intervenções do professor. Cada aluno deve fazer, no caderno ou folha destacada, um resumo da apresentação de cada grupo, considerando os seguintes pontos: doença, agente etiológico, modo de transmissão, sintomatologia, tratamento e prevenção. Este resumo deve ser recolhido pelo professor para somar à avaliação individual do aluno e posteriormente devolvido.

AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS

• Observação, registro e análise dos conhecimentos que o aluno já possui sobre a classificação dos seres vivos e de como o este procede enquanto realiza as atividades de estudo.
• Confrontação entre idéias prévias/hipóteses iniciais do aluno com o registro de seus conhecimentos e opiniões ao longo do semestre.
• Registros e relatórios das atividades investigativas elaborados individualmente e em grupo, considerando: adequação conceitual e do uso da linguagem científica, organização das informações.
• Acompanhamento dos trabalhos dos alunos durante as atividades investigativas.
• Esquemas, mapas conceituais e sínteses elaborados a partir das leituras feitas ao longo do semestre.
• Acompanhamento da aprendizagem das diferentes linguagens ou formas de representação trabalhadas em um tema: texto, tabela, quadro, gráfico, esquemas de etapas de transformação, maquete, relato pessoal, relatório ou outra.
• Verificação da aquisição de nomenclatura específica da disciplina no discurso oral e produção escrita dos estudantes.
• Questões objetivas e discursivas, retiradas do ENEM e vestibulares, resolvidas em grupo e/ou individualmente e posteriormente comentadas pelo professor e alunos.
• Questões-problemas que envolvam a transposição de fatos, conceitos e processos para situações reais ou simuladas.
• Situações em que o aluno precise: Identificar, em esquemas e ilustrações, a estrutura de vírus, bactérias e fungos; Identificar, em esquemas e ilustrações, as etapas básicas do processo de reprodução de vírus, bactérias e fungos;
• Reconhecer formas de prevenção de doenças infectoparasitárias mais freqüentes no Brasil.

ANEXOS
 
1 –




















2 –
Textos de apoio

Classificação dos Seres Vivos
A sistemática é a ciência dedicada a inventariar e descrever a biodiversidade e compreender as relações filogenéticas entre os organismos. Inclui a taxonomia (ciência da descoberta, descrição e classificação das espécies e grupo de espécies, com suas normas e princípios) e também a filogenia (relações evolutivas entre os organismos). Em geral, diz-se que compreende a classificação dos diversos organismos vivos. Em biologia, os sistematas são os cientistas que classificam as espécies em outros táxons a fim de definir o modo como eles se relacionam evolutivamente.
O objetivo da classificação dos seres vivos, chamada taxonomia, foi inicialmente o de organizar as plantas e animais conhecidos em categorias que pudessem ser referidas. Posteriormente a classificação passou a respeitar as relações evolutivas entre organismos, organização mais natural do que a baseada apenas em características externas. Para isso se utilizam também características ecológicas, fisiológicas, e todas as outras que estiverem disponíveis para os táxons em questão. É a esse conjunto de investigações a respeito dos táxons que se dá o nome de Sistemática. Nos últimos anos têm sido tentadas classificações baseadas na semelhança entre genomas, com grandes avanços em algumas áreas, especialmente quando se juntam a essas informações aquelas oriundas dos outros campos da Biologia.
A classificação dos seres vivos é parte da sistemática, ciência que estuda as relações entre organismos, e que inclui a coleta, preservação e estudo de espécimes, e a análise dos dados vindos de várias áreas de pesquisa biológica.
O primeiro sistema de classificação foi o de Aristóteles no século IV a.C., que ordenou os animais pelo tipo de reprodução e por terem ou não sangue vermelho. O seu discípulo Teofrasto classificou as plantas por seu uso e forma de cultivo.
Nos séculos XVII e XVIII os botânicos e zoólogos começaram a delinear o atual sistema de categorias, ainda baseados em características anatômicas superficiais. No entanto, como a ancestralidade comum pode ser a causa de tais semelhanças, este sistema demonstrou aproximar-se da natureza, e continua sendo a base da classificação atual. Lineu fez o primeiro trabalho extenso de categorização, em 1758, criando a hierarquia atual.
A partir de Darwin a evolução passou a ser considerada como paradigma central da Biologia, e com isso evidências da paleontologia sobre formas ancestrais, e da embriologia sobre semelhanças nos primeiros estágios de vida. No século XX, a genética e a fisiologia tornaram-se importantes na classificação, como o uso recente da genética molecular na comparação de códigos genéticos. Programas de computador específicos são usados na análise matemática dos dados.
Em fevereiro de 2005 Edward Osborne Wilson, professor aposentado da Universidade de Harvard, onde cunhou o termo biodiversidade e participou da fundação da sociobiologia, ao defender um "projeto genoma" da biodiversidade da Terra, propôs a criação de uma base de dados digital com fotos detalhadas de todas as espécies vivas e a finalização do projeto Árvore da vida. Em contraposição a uma sistemática baseada na biologia celular e molecular, Wilson vê a necessidade da sistemática descritiva para preservar a biodiversidade.
Do ponto de vista econômico, defendem Wilson, Peter Raven e Dan Brooks, a sistemática pode trazer conhecimentos úteis na biotecnologia, e na contenção de doenças emergentes. Mais da metade das espécies do planeta é parasita, e a maioria delas ainda é desconhecida.
A Taxonomia é comparável a um arquivo bem organizado de informações sobre os seres vivos. Imagine que cada documento desse arquivo contenha os dados sobre uma Espécie de organismo. Documentos de Espécies semelhantes poderiam ser reunidos numa mesma pasta, que representaria um Gênero. Na pasta referente ao Gênero Canis, por exemplo, estariam as Espécies C. lúpus, C. familiaris e C. latrans. Pastas de Gêneros semelhantes seriam reunidas em gavetas de um armário; as gavetas corresponderiam às Famílias e cada armário, a uma Ordem. Armários (Ordens) que contivessem Famílias semelhantes seriam reunidos em compartimentos, que representariam Classes. Compartimentos semelhantes poderiam ser reunidos em uma sala, que corresponderia ao Filo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nomenclatura Científica
Nomenclatura é a atribuição de nomes (nome científico) a organismos e às categorias nas quais são classificados. O nome científico é aceito em todas as línguas, e cada nome aplica-se apenas a uma espécie.
Há duas organizações internacionais que determinam as regras de nomenclatura, uma para zoologia e outra para botânica. Segundo as regras, o primeiro nome publicado (a partir do trabalho de Lineu) é o correto, a menos que a espécie seja reclassificada, por exemplo, em outro gênero. A reclassificação tem ocorrido com certa freqüência desde o século XX. O Código Internacional de Nomenclatura Zoológica preconiza que neste caso mantém-se a referência a quem primeiro descreveu a espécie, com o ano da descrição, entre parênteses, e não inclui o nome de quem reclassificou. Esta norma internacional decorre, entre outras coisas, do fato de ser ainda nova a abordagem genética da taxonomia, sujeita a revisão devido a novas pesquisas científicas, ou simplesmente a definição de novos parâmetros para a delimitação de um táxon, que podem ser morfológicos, ecológicos, comportamentais etc.
O sistema atual identifica cada espécie por dois nomes em latim: o primeiro, em maiúscula, é o gênero, o segundo, em minúscula, é o epíteto específico. Os dois nomes juntos formam o nome da espécie. Os nomes científicos podem vir do nome do cientista que descreveu a espécie, de um nome popular desta, de uma característica que apresente, do lugar onde ocorre, e outros. Por convenção internacional, o nome do gênero e da espécie é impresso em itálico, grifado ou em negrito, o dos outros táxons não. Subespécies têm um nome composto por três palavras.
Ex.: Canis familiares, Canis lupus, Felis catus.
 
Nomenclatura popular
A nomeação dos seres vivos que compõe a biodiversidade constitui uma etapa do trabalho de classificação. Muitos seres são "batizados" pela população com nomes denominados populares ou vulgares, pela comunidade científica. Esses nomes podem designar um conjunto muito amplo de organismos, incluindo, algumas vezes, até grupos não aparentados. O mesmo nome popular pode ser atribuído a diferentes espécies, como neste exemplo:
Duas espécies do gênero ananas são chamadas pelo mesmo nome popular, Abacaxi. Outro exemplo é o crustáceo de praia Emerita brasiliensis, que no Rio de Janeiro é denominado tatuí, e nos estados de São Paulo e Paraná é chamado de tatuíra.
Em contra partida, animais de uma mesma espécie podem receber vários nomes, como ocorre com a onça-pintada (canguçu, onça-canguçu, jaguar-canguçu), cujo nome científico é Panthera onca.
Outro exemplo é a planta Manihot esculenta, cuja raiz é muito apreciada como alimento. Dependendo da região do Brasil, ela é conhecida por vários nomes: aipim, macaxeira ou mandioca.
Considerando os exemplos apresentados, podemos perceber que a nomenclatura popular varia bastante, mesmo num país como o Brasil, em que a população fala um mesmo idioma, excetuando-se os idiomas indígenas. Imagine se considerarmos o mundo todo, com tantos idiomas e dialetos diferentes, a grande quantidade de nomes que um mesmo ser vivo pode receber. Desse modo podemos entender a necessidade de existir uma nomenclatura padrão, adotada internacionalmente, para facilitar a comunicação de diversos profissionais, como os médicos, os zoólogos, os botânicos e todos aqueles que estudam os seres vivos.
 
A Filogênese dos Seres Vivos
Qual foi o ancestral dos répteis (lagartos, cobras) que vivem na Terra atual? Essas e outras perguntas relativas à origem dos grandes grupos de seres vivos eram difíceis de serem respondidas até surgir, em 1959, a Teoria da evolução Biológica por Seleção Natural, proposta por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace. Com a compreensão de "como" a evolução biológica ocorre, os biólogos passaram a sugerir hipóteses para explicar a possível relação de parentesco entre os diversos grupos de seres vivos.
Diagramas em forma de árvore - elaborados com dados de anatomia e embriologia comparadas, além de informações derivadas do estudo de fósseis - mostraram a hipotética origem de grupos a partir de supostos ancestrais. Essas supostas "árvores genealógicas" ou "filogenéticas" (do grego, phylon = raça, tribo + génesis = fonte, origem, início) simbolizavam a história evolutiva dos grupos que eram comparados, além de sugerir uma provável época de origem para cada um deles. Como exemplo veja a figura abaixo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O esquema representa uma provável "história evolutiva" dos vertebrados. Note que estão representados os grupos atuais -no topo do esquema- bem como os prováveis ancestrais. Perceba que o grupo das lampreias (considerados "peixes" sem mandíbula) é bem antigo (mais de 500 milhões de anos). Já cerca de 150 milhões de anos, provavelmente a partir de um grupo de dinossauros ancestrais. Note, ainda, que o parentesco existente entre aves e répteis é maior do que entre mamíferos e répteis, e que os três grupos foram originados de um ancestral comum.
Atualmente com um maior número de informações sobre os grupos taxonômicos passaram-se a utilizar computadores para se gerar as arvores filogenéticas e os cladogramas para estabelecer as inúmeras relações entre os seres vivos.
 
Estabelecendo Filogenias com os Cladogramas
Ao dispor de um grande número de características comparativas, mais confiáveis (anatômicas), embriológicas, funcionais, genéticas, comportamentais etc. os biólogos interessados na classificação dos seres vivos puderam elaborar hipóteses mais consistentes a respeito da evolução dos grandes grupos. Influenciados pelo trabalho de Wili Hennig (cientista alemão, especialista em insetos), passaram a apresentar as características em cladogramas. Neste tipo de diagrama, utiliza-se uma linha, cujo ponto de origem, a raiz, simboliza um provável grupo (ou espécie) ancestral. De cada nó surge um ramo, que conduz a um ou a vários grupos terminais. Com os cladogramas pode-se estabelecer uma comparação entre as características primitivas que existiam em grupos ancestrais e as derivadas, compartilhadas por grupos que os sucederam.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 –
texto de apoio
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 –
Estrutura de trabalho escolar

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(*) - Elementos adicionados de acordo com as necessidades (opcionais). Os demais elementos são obrigatórios.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS: A Associação Brasileira de Normas Técnicas não determina a disposição destes dados na folha. Esta distribuição deve ser definida pelo professor ou pela Instituição, para uniformização de seus trabalhos acadêmicos.
 
Exemplo de Referências bibliográficas (NBT 6023)

• SOBRENOME DO AUTOR, Nome. Título destacado: subtítulo (se houver) normal. Número da edição (a partir da 2. Ed.). Local de publicação (cidade): Editora, ano de publicação. Total de páginas.
• ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: uma introdução ao jogo e suas regras. 18. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. 211 p.

Artigo de revista (internet)
• SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Nome da Revista, cidade, v., n., mês. ano. Disponível em: . Acesso em: dia mês. ano.
• GUIMARÃES, Maria Lúcia dos Santos. Informação e transferência de tecnologia. Informação e Sociedade, v.10, n.2, 2000. Disponível em: . Acesso em: 22 ago. 2000.

Apresentação de slides
Tente usar essas regrinhas abaixo:
 
1. Regra de 3.
Normalmente as pessoas têm facilidade de assimilar até 3 itens de uma lista. Quer ver? "Pai, Filho e Espírito Santo", "Ontem, hoje e amanhã", "Save Our Souls (SOS)", "Pare, Olhe e Escute", "Huguinho, Zezinho e Luizinho", etc.
Por isso, tente apresentar no máximo 3 conceitos em um slide.
Tente fazer listas de no máximo 3 itens, para que sua audiência se lembre deles.
Se houver mais itens, liste somente os essenciais ou divida-os em mais slides.
 
2. 10, 20, 30.
Essa dica do "10, 20, 30" é bem útil para resumir sua palestra e colocar em prática o princípio da "Regra de 3", apresentada acima:
a) Limite sua apresentação em 10 slides de conteúdo (excluindo o slide de boas vindas e o de agradecimento).
b) Ela não deveria demorar mais do que 20 minutos.
c) Use fontes tamanho 30.
 
Aqui, vemos uma dica ajudando a outra. Se você usar a regra de 3, vai apresentar somente os itens realmente importantes. Dessa forma, você vai conseguir limitar em 10 slides, 20 minutos e usar as fontes recomendadas.
 
3. Evite inconvenientes.
Resista à tentação e use apenas as fontes mais comuns em todos os computadores. Dando nome aos bois, use apenas: Times New Roman, Arial, Verdana e Tahoma. Isso mesmo. Sua apresentação não vai ficar pior por causa disso. Ao contrário, você terá a certeza que todos a verão da mesma forma como você elaborou.
Tá, e por que isso? Porque a fonte que você tem instalado em seu computador pode não estar presente no computador de quem vai ver a apresentação. Se você for a um evento, pode ser que você tenha que usar o notebook de lá. Daí, se não tomar esse cuidado, lá se vai todo o trabalho de formatação que você teve!
 
4. Atenção aos detalhes.
Que detalhes? Bem, alguns que a gente nem se dá conta, às vezes.
a) Use somente os 2/3 superiores. Se o local for grande ou o telão não estiver bem posicionado, as pessoas que sentam atrás terão dificuldade de enxergar a parte de baixo dos slides. Por isso, use somente os 2/3 superiores dos slides. Deixe a parte de baixo para informações secundárias: número do slide, data, etc.
b) Cuidado com cores e negrito. Use cores contrastantes. Para não errar nunca, use fundo branco com letras pretas. Só arrisque combinar cores se você conhecer muito bem o local onde fará a apresentação, pois a luminosidade pode alterar as cores projetadas. Evite fundo amarelo com letras brancas!
c) Animações: use com moderação. Use animações para enfatizar o que você quer dizer ou para quebrar a monotonia da apresentação. Use transição de slides para causar um efeito de diferenciação ótica nos ouvintes. Mas cuidado. Sua platéia não está interessada em um show pirotécnico.
 
5. Capture a platéia.
a) Use uma ilustração. Use uma ilustração ou um objeto de foco, para o qual haverá uma puxada no início ou final da palestra. Isso traz a possibilidade de uma aplicação mais prática para o que você está falando. Os ouvintes conseguem materializar seu discurso.
b) Conheça o assunto. Não fale sobre o que você não conhece, ou se você não conhece os slides. Da mesma forma, use os itens da apresentação apenas como guias. De outra forma, você vai ficar lendo os slides e sua platéia fará a leitura mais rapidamente do que você pode falar. Isso tira a atenção deles.
c) Uma imagem vale mais do que 1000 palavras. Isso não é nenhuma novidade. Por isso, sempre que possível demonstre sua fala em gráficos. 83% do que aprendemos é visual. Da mesma forma, use imagens para demonstrar reações ou situações.
 
6. Dicas complementares.
a) Numere os slides. Ficará mais fácil se um ouvinte tiver alguma dúvida sobre o assunto ou pedir para voltar a ele.
b) Sem erros de ortografia. Não erre no Português. NUNCA!
c) Dê uma visão geral no início. É bom saber o que será apresentado. Seu público também gosta disso.
 
5 –
Tire suas dúvidas sobre a gripe suína
 
Origem
Inicialmente designada como gripe suína e em abril de 2009 como gripe A os primeiros casos ocorreram no México em meados do mês de março de 2009, veio a espalhar-se pelo mundo, tendo começado pela América do Norte, atingindo pouco tempo depois a Europa e a Oceania. O Vírus foi identificado como Influenza A subtipo H1N1.
 
Mutação
Mutação é o processo pelo qual um gene sofre uma mudança estrutural. Foi isso que aconteceu no organismo do porco com as três variedades de vírus (tipo A, B e C) originando um novo tipo de vírus. No momento já existem quatro tipos de vírus da Gripe Suína do tipo A (H1N1, H1N2, H3N2 e H3N1). Mas o que está infectando o mundo é somente o H1N1.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contágio
A gripe causada pelo novo vírus Influenza A/H1N1 (inicialmente chamada de gripe suína) é uma doença transmitida de pessoa a pessoa através de secreções respiratórias, principalmente por meio da tosse ou espirro de pessoas infectadas. A transmissão pode ocorrer quando houver contato próximo (aproximadamente um metro), principalmente em locais fechados, com alguém que apresente sintomas de gripe (febre, tosse, coriza nasal, espirros, dores musculares). Não há registro de transmissão da Influenza A/H1N1 para pessoas por meio da ingestão de carne de porco e produtos derivados. Este novo vírus não resiste a altas temperaturas (70ºC).
 
Focos
Os principais focos da doença, no momento, estão sobre os EUA, Argentina, Brasil e México.
 
Sintomas
• Febre alta de maneira repentina (>38°);
• Falta de apetite;
• Tosse;
• Coriza (é a inflamação da mucosa nasal, acompanhada eventualmente de espirros, secreção e obstrução nasal);
• Dor de cabeça;
• Dores musculares;
• Ardor nos olhos;
• Náuseas;
• Vômito;
• Diarréia.

Medicamentos
As drogas zanamivir (Relanza) e oseltamivir (Tamiflu) mostraram alguma eficácia no combate à doença. Não há vacina eficaz para humanos contra a gripe suína. Estudos divulgados em 30/07 com crianças britânicas, mostraram que mais da metade das que tomaram Tamiflu, sofreram efeitos colaterais, como náusea, dores, insônia e até pesadelos.
 
Orientações
• Higienizar as mãos com frequência, utilizando água e sabão ou soluções alcoólicas, especialmente se tocar a boca e nariz (principalmente após tossir ou espirrar) ou superfícies potencialmente contaminadas.
• Cobrir o rosto (boca e nariz) quando tossir ou espirrar.
• Reduzir o máximo possível o tempo de contato com pessoas potencialmente doentes.
• Reduzir o máximo possível a permanência em ambientes com aglomeração de pessoas.
• Nos ambientes que estiver frequentando, melhorar o fluxo de ar, abrindo as janelas por exemplo.

Se você esteve em área afetada pela gripe suína e apresenta alguns dos sintomas já citados, adotar quarentena domiciliar voluntária e:

• Permaneça em casa durante dez dias, utilizando máscara cirúrgica descartável.
• Não vá ao trabalho ou à escola.
• Meça sua temperatura três vezes ao dia.
• Fique atento para o surgimento de tosse.
• Não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal.
• Evitar tocar olhos, nariz ou boca.
• Cubra o nariz e boca quando tossir ou espirrar.
• Lavar as mãos freqüentemente com água e sabão, especialmente depois de tossir ou espirrar.
• Manter o ambiente ventilado.
• Evitar contato próximo com pessoas.

Dicas para usar o álcool gel com segurança
• Não usar em grande quantidade ou muitas vezes ao dia para não ressecar a pele. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o equivalente a "um grãozinho de ervilha" para as duas mãos é suficiente. O ideal é aplicar quando as mãos estiverem sujas ou contaminadas - após espirrar ou assoar o nariz, por exemplo.
• É aconselhável trocar o álcool em gel pelo sabonete, de preferência, de glicerina, que agride menos a pele.
• Para evitar que a pele fique ressecada pelo uso do álcool em gel, é aconselhável aplicar creme para mãos de três a quatro vezes por dia. A Sociedade Brasileira de Dermatologia e o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo dizem que pode ser usado se for álcool puro, sem outros detergentes. A Sociedade Brasileira de Infectologia e a Associação Brasileira da Indústria de Produtos de Limpeza, porém, dizem que o álcool para limpeza deve ser aplicado somente em utensílios e superfícies.
• O álcool gel não pode ser ingerido porque é altamente tóxico. No entanto, não é prejudicial se uma criança, por exemplo, levar a mão à boca após aplicar o produto. O álcool em gel elimina bactérias que estão nas mãos, mas não as protege de novas contaminações.
• O mais indicado é a solução com 70% de álcool e 30% de água, afirmam os médicos. Especialistas afirmam que a solução líquida não deve ser usada para higiene da mão por ser inflamável e ressecar a pele. Não é aconselhável também misturar o álcool líquido com água porque, segundo os especialistas, produtos químicos não podem ter sua composição alterada.

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sociedade Brasileira de Infectologia.

Estrutura viral

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 –
MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina)
Exibido em: 20/1/2008
Reportagem: André Tal
Produção: Daniela Traldi e Edson Pedroso
Edição: Raquel Gale e Eduardo Lopes
Imagens: Lawrence Guy
Contribuição: 60 Minutes
 
O MRSA é um tipo de bactéria resistente a alguns tipos de antibióticos. Para entender o MRSA é útil aprender sobre a bactéria Staphylococcus aureus, também conhecida como “staph”, porque o MRSA é um tipo de estafilococo. Os staphs são bactérias comumente transportadas na pele ou no nariz de pessoas saudáveis. Cerca de 25 a 30% da população americana transporta staphs no corpo, em algum momento.
Variante de uma bactéria que pode levar suas vítimas à morte, a MRSA USA 300, preocupa cientistas norte-americanos e alerta para os perigos de uma epidemia. Para os médicos, é ainda mais difícil criar uma vacina, uma vez que esta versão da MRSA criou uma resistência aos medicamentos utilizados. Transmitida pelo contato com a pele ou instrumentos contaminados, a bactéria causa a morte dos tecidos, provoca furúnculos e ataca órgãos vitais.
Na Pensilvânia, região nordeste dos Estados Unidos, uma escola perdeu o campeonato de futebol americano ao ter 13 de seus jogadores internados por infecção pela MRSA. Quando soube que seu colega de time havia sido infectado, Alex Birks redobrou os cuidados higiênicos: tomava vários banhos por dia e nunca deixava suas roupas no armário do vestiário. Mesmo precavido, acabou diagnosticado com a bactéria e afastado da equipe.
Após o incidente com os atletas, todas as escolas da região foram desinfetadas e novas regras de higiene foram impostas entre os colegas de Alex. Os armários não são mais lotados com uniformes ou toalhas sujas, tudo é lavado e esterilizado na lavanderia. Em dia de jogo, alguns times adversários preferem não utilizar as dependências do colégio, enquanto seus torcedores provocam nas arquibancadas, munidos de luvas e máscaras higiênicas.
Ninguém está imune às ameaças, jogadores da liga profissional de futebol americano também ficaram expostos a "super-bactéria". Especialistas explicam que o contágio da MRSA acontece com maior freqüência entre grupos de pessoas que mantém um contato físico, como crianças em creches, detentos em presídios e até bombeiros. Para alguns médicos, os recentes casos não são isolados e a situação já deveria ser tratada como uma epidemia.
Há quatro anos, Nicolas Johnson deslocou o ombro enquanto jogava futebol americano. Menos de 24 horas após ter recebido um antiinflamatório, o garoto deu entrada na emergência, com 40º de febre. Mesmo com os medicamentos receitados, a infecção provocou uma série de inchaços, culminando em uma insuficiência respiratória. Recuperado, o jovem revela que, além das cicatrizes, ficaram seqüelas. Nicolas perdeu a audição do ouvido esquerdo e diz não ter mais a mesma corrida de antes.
O antibiótico que salvou a vida do garoto é a Vancomicina, única substância capaz de deter os avanços da bactéria. Porém, a eficácia é relativa, uma vez que a MRSA pode desenvolver mecanismos de resistência ao medicamento. Atualmente, a super-bactéria é responsável por 40% dos casos de infecção hospitalar nos Estados Unidos e registra mais de 90 mil casos anuais em solo norte-americano.
 
Prevenção do MRSA
A prevenção pode ser a melhor arma na luta contra o MRSA. Com alguns passos bem simples, sua probabilidade de infecção diminuirá bastante. O MRSA associado à comunidade pode ser prevenido no dia-a-dia. O importante é não passar dos limites. Todos os sabonetes e loções antibacterianos que deveriam nos proteger contra germes e insetos, na verdade, ajudaram o MRSA a se tornar essa bactéria tão potente. Lavar as mãos regularmente é a melhor maneira para evitar o contágio e a disseminação do staph, inclusive o MRSA.
• Mantenha as mãos limpas, lavando-as freqüentemente com água morna e sabão ou desinfetante para mãos, especialmente após contato direto com a pele de outra pessoa.
• Mantenha cortes e arranhões limpos e cobertos com curativo até terem cicatrizado.
• Evite o contato com feridas ou curativos de outras pessoas.
• Evite compartilhar objetos pessoais como toalhas, esponjas, escovas de dente e lâminas de barbear. Compartilhar estes objetos pode transmitir o MRSA de uma pessoa para outra.
• Mantenha a sua pele saudável e evite deixá-la seca e quebradiça, especialmente durante o inverno. Uma pele saudável ajuda a manter o staph na camada superficial, evitando causar uma infecção por baixo da pele.
• Se você tiver uma infecção de pele que não melhora, contate um médico.

Também é importante fazer exame, se você suspeita estar com infecção por MRSA. Deter a infecção antes que ela se alastre demais aumenta bastante a sua chance de evitar uma situação em que haja risco de morte.
As infecções contraídas em ambiente hospitalar representam 85% de todos os casos de MRSA [fonte: CDC]. Estima-se que 1,2 milhões de pessoas adquirem infecção por MRSA anualmente durante a hospitalização [fonte: Mayo Clinic]. É uma boa idéia se certificar que as pessoas que estão ajudando você a se recuperar não piorem seu estado de saúde acidentalmente.

Seu profissional de saúde: Os hospitais hospedam pessoas doentes, e os profissionais de saúde podem espalhar facilmente o MRSA através da lavagem de mãos inadequada. Não tenha medo de pedir que seu profissional de saúde lave sempre as mãos antes de tocar em você. Certifique-se que os funcionários utilizem desinfetantes e sabonetes à base de álcool.
Aparelhos de tratamento: Você também pode diminuir a chance de contrair o MRSA verificando se todos os instrumentos utilizados pelo hospital para seus cuidados ou tratamento foram esterilizados. Quando profissionais de saúde utilizarem instrumentos para fazer procedimentos invasivos, tais como diálise, peça a eles que desinfetem a área ao redor do ponto de entrada com álcool.
Um bom banho: Se você estiver de cama, pode solicitar o banho com toalhas descartáveis e desinfetantes, em vez de reusáveis, sabão e água.
 
Esquemas para slides/transparências das bactérias
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 –
Aula prática
 
Materiais necessários:
• Placas de petri (duas por grupo) ou tampas de margarina ou ainda potinhos rasos. Pedir que os alunos o tragam com antecedência para a devida esterilização.
• Filme plástico (apenas um será suficiente para todos os grupos).
• Haste de algodão (cotonete) limpo.
• Para o meio de cultura: 1 sobre de gelatina incolor, 1 xícara de caldo de carne, água.
• Etiquetas para identificação.

Procedimentos:
• O meio de cultura: dissolver a gelatina na água, de acordo com as instruções da embalagem, e misturar ao caldo de carne. Cobrir o fundo das placas de Petri com a mistura e fechar bem com filme plástico ate que a preparação esteja fria.
• Cada grupo de alunos recebe uma haste de algodão, duas placas contendo meio de cultura e escolhe um local onde o algodão será passado. Algumas sugestões: entre os dedos dos pés, dentro de um tênis, no chão, em uma nota de 1 real, entre os dentes. Supervisione essa etapa, pois os cotonetes devem ser usados com cuidado e apenas uma vez, por uma única pessoa!
• O algodão deve ser passado sobre o meio de cultura, com delicadeza. Explique aos alunos que não é necessário que o algodão esteja com aspecto sujo para realizar o experimento. Logo em seguida, a placa de petri deve ser fechada com tampa (ou filme plástico) e a haste de algodão deve ser descartada.
• Cada equipe deve etiquetar a placa, indicando onde foi coletado o material inoculado no meio de cultura. Também devem etiquetar a outra placa de petri (ou pote) que se manteve fechada sem receber material coletado pois servirá como controle.
• Depois de três dias, os resultados devem ser observado e anotados por cada equipe. As equipes devem compartilhar seus resultados com o restante da turma e todos devem discutir o que foi observado. Peça o registro da atividade no caderno e elabore questões de interpretação.

Observação: colônias de bactérias e fungos devem aparecer no meio de cultura que recebeu material coletado com o cotonete. São microorganismos e não podemos vê-los à vista desarmada, mas estão no ambiente e proliferam se as condições são favoráveis (como no caso do meio de cultura). Espera-se que não cresça colônias nas placas de controle, mas se isso acontecer, discuta com os alunos quais seriam as prováveis explicações (provavelmente a placa não foi bem fechada e não impediu a entrada de microorganismos). É importante ressaltar a necessidade de medidas de higiene como uma das conclusões da atividade. Não se pretende assustar o aluno, explique que a pele é uma excelente barreira à entrada de microorganismos no nosso corpo e que a maioria das espécies de bactérias não são prejudiciais ao ser humano sendo que algumas são utilizadas por eles para o próprio benefício e manipulação genética.
 
Análise de dados:
• O que foi observado?
• O local onde a amostra foi coletada apresentava sujidade aparente?
• O que aconteceu com o meio de cultura usado e o controle?
• Qual a explicação para o surgimento desses seres?
• A que conclusões podemos chegar com a experiência?
• Outras que forem relevantes para a construção do relatório.

8 –
O maior ser vivo
Cientistas descobrem em floresta dos Estados Unidos um fungo gigantesco que ocupa área
equivalente a 47 estádios do Maracanã
 
Quando se pensa num ser vivo imenso, daqueles que podem ser comparados a ônibus ou prédios, a primeira imagem que vem à cabeça é a dos extintos dinossauros, com até 50 metros de comprimento. Na semana passada, pesquisadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostraram que a natureza consegue ser bem mais bizarra e produzir um organismo de dimensões ciclópicas, daquelas que escapam a nosso senso de escalas. Eles encontraram um fungo gigante, uma enorme rede de filamentos enraizada a cerca de 1 metro da superfície, abrangendo uma área superior a 890 hectares. O megafungo da espécie Armillaria ostoyae, típico de regiões temperadas na América do Norte e na Europa, enterrado sob a Floresta Nacional de Malheur, é tão grande que só pode ser dimensionado quando confrontado com cidades inteiras ou construções multiplicadas às dezenas. Nessa escala equivaleria a toda a enseada da Praia de Botafogo, seus arredores e o morro do Pão de Açúcar, ou a 47 estádios do Maracanã colocados lado a lado. Os cientistas ainda não calcularam quanto pesa toda essa estrutura viva. O fungo é um parasita bastante longevo, que busca alimento alojando-se nas raízes das plantas. Às vezes, dá sorte e encontra repasto suficiente para continuar a crescer por milhares de anos, como ocorreu na floresta americana.
Os fungos constituem um reino à parte entre os seres vivos. Podem ser microscópicos, dotados de uma única célula, como as leveduras, usadas na fabricação de fermento e cerveja, ou complexos, como o exemplar Armillaria recém-descoberto. Antes dele, em 1992, uma estrutura semelhante com 600 hectares havia sido localizada no Estado de Washington. Julgava-se ser uma raridade que se desenvolveu em condições muito especiais, por um período estimado entre 400 e 1.000 anos. Desde a semana passada, passou-se a considerar que esses gigantes são muito mais comuns do que se imaginava. O ser da Floresta de Malheur esteve pelo menos 2.400 anos parasitando sucessivamente milhares de árvores de forma simultânea. "Fungos como esse são extremamente versáteis", diz Marina Capelari, pesquisadora da seção de micologia do Instituto de Botânica, em São Paulo. "Eles exploram o meio ambiente e crescem indefinidamente." Mesmo que alguns pedaços do organismo morram isso não compromete o resto da estrutura, que continua viva e em expansão. Acima da superfície o Armillaria ostoyae tem um aspecto bastante diferente. No outono, ele brota em forma de grupos de grandes cogumelos dourados, que podem atingir até 30 centímetros de diâmetro. A cor amarelada deu à espécie o apelido de cogumelo-mel. Por enquanto, os cientistas ainda não sabem se a espécie é comestível, porque, numa das poucas tentativas feitas, o pesquisador que experimentou o cogumelo sofreu uma violenta reação gástrica, mas sobreviveu. Ainda se está por determinar se isso ocorreu devido a algum tipo de veneno ou por erro na preparação do prato. Segundo a pesquisadora Catherine Parks, da equipe que localizou o megafungo, os cogumelos são apenas a ponta de um iceberg, insuficientes para dimensionar o que existe por baixo da terra e o impacto que o organismo causa na floresta. Para descobrir que estavam lidando com um único ser, os técnicos mapearam toda a região na qual suspeitavam haver trechos do fungo e analisaram amostras de vários pontos. Pelos resultados, viram que os filamentos possuíam a mesma composição molecular e só podiam ter uma mesma origem.
O processo alimentar do Armillaria é igualmente peculiar. O fungo secreta enzimas capazes de quebrar os componentes químicos da madeira em moléculas menores e, depois, sorve o que lhe interessa. Todo o alimento é extraído das árvores, primeiro das raízes e depois do caule. O roubo de nutrientes é tão intenso que a árvore morre. Ao atingir o caule, o megafungo se manifesta sob nova forma, agora uma cobertura esbranquiçada e viscosa, parecida com uma camada de cola. Árvores de grande porte podem sobreviver por muitos anos ao ataque do fungo, mas perdem vigor e têm o crescimento bastante afetado. Um observador atento consegue identificar uma árvore atacada por esse pesadelo subterrâneo: as raízes enfraquecem, as folhas descolorem e caem, a madeira está sempre umedecida. Nem por isso o megafungo é um vilão. Os cientistas o consideram um elo essencial no ecossistema das florestas. A ele cabe o papel de lixeiro, limpando áreas para que novas árvores possam nascer. Mesmo assim, é um consolo saber que um ser desses jamais conseguiria sobreviver numa cidade.
Revista Veja: 16 de agosto de 2000.

Esquemas para slides/transparências


































REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
LAURENCE.J. Biologia. Volume Único-Ensino Médio. Editora Nova Geração. São Paulo. 2006.
 
AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia – Volume 3.Editora Moderna.São Paulo:2004
 
BOSCHILIA, C. Mini manual compacto de Biologia. Editora Rideel. São Paulo: 2003
 
SANTOS, C.H.V; BAGANHA, D. E. et al. Biologia. Curitiba: SEED-PR. p. 272
 
SUA PESQUISA. Bactérias. Disponível em: . Acesso em 20 fev. 2010.
 
JOSH CLARK. Como tudo funciona. Como funciona o MRSA. Saúde UOL. Disponível em: . Acesso em 20 fev. 2010.
 
ANDRE TAL. Domingo Espetacular. MRSA. Rede Record. Disponível em: . Acesso em 20 fev. 2010.
 
SERES VIVOS. Classificação dos seres vivos. Só biologia. Disponível em: . Acesso em 20 fev. 2010.
 
BIA BARBOSA. Geral biologia. O maior ser vivo. Vela on-line. Disponível em: . Acesso em 20 fev. 2010.
 
PEDAGOGIA EM FOCO. Estrutura de apresentação do trabalho. Disponível em: . Acesso em 20 fev. 2010.
 
OUTRO LADO. Dicas para elaborar apresentação de slides. Disponível em: . Acesso em 20 fev. 2010.
 
ESPECIAIS. Vírus H1N1. G1. Disponível em: . Acesso em 20 fev. 2010.
 
MARIANA OLIVEIRA. Nova gripe. Uso do álcool em gel nas mãos para evitar a nova gripe requer cuidados. G1. Disponível em: < http://g1.globo.com/Noticias/Brasil.html>. Acesso em 20 fev. 2010.

11 de mar. de 2010

Gravidez na Adolescência

2º Ano
Carga horária: 12h

CAPACIDADES

• Elaborar suposições e hipóteses acerca dos fenômenos biológicos em estudo e identificar a interferência dos aspectos místicos e culturais nos saberes do senso comum relacionados a aspectos biológicos, reconhecendo diversas abordagens sobre um mesmo tema.
• Escolher medidas que representem cuidados com o próprio corpo e promovam saúde sexual e reprodutiva.

APRENDIZAGENS ESPERADAS / CONTEÚDOS DE DIFERENTES TIPOS

• Reconhecimento dos saberes do senso comum como uma forma de explicar a realidade, sabendo identificar quando diferem da explicação científica sobre um mesmo fenômeno e julgando situações em que podem trazer prejuízos à saúde.
• Utilização de diferentes formas de linguagem e representação usadas na Biologia, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica etc.
• Observação, registro, organização e sistematização de dados e informações.
• Consulta, análise e interpretação de textos e comunicações referentes aos assuntos estudados veiculados por diferentes meios.
• Busca de explicações científicas como recurso para compreender fenômenos relacionados ao corpo humano e à saúde.
• Análise e previsão de fenômenos ou resultados de experimentos científicos.
• Apresentação, de forma organizada, do conhecimento biológico aprendido, através de textos, desenhos, esquemas, gráficos, tabelas, maquetes, etc.
• Conhecimentos sobre a gravidez na adolescência como fator de risco à saúde.
• Conhecimentos sobre processos contraceptivos e medidas que representem cuidados com o próprio corpo e promovam saúde sexual e reprodutiva dos indivíduos.
• Estabelecer relações entre gravidez na adolescência e os fatores socioeconômicos e culturais de uma determinada população.
• Assumir a responsabilidade de cuidar seu próprio corpo para que não ocorram situações futuras indesejadas, como uma gravidez precoce.
• Conhecer as etapas de uma gravidez. Identificar as vantagens e desvantagens num parto normal e numa cesárea.

RECURSOS

Sala de vídeo (agendado com antecedência), retroprojetor ou data show, flohas A4, lapiz, lapiz de cor (opcional).

SITUAÇÕES DE APRENDIZAGENS

1 – Como modo de problematizar e contextualizar o assunto de Sexualidade: Gravidez na adolescência será apresentada a seguinte reportagem:
Aumenta o índice de gravidez na adolescência (em anexo)

Para identificar o nível de interpretação a respeito do texto se fará algumas perguntas como: qual a faixa etária das garotas em que vem aumentando o índice de gravidez na adolescência? A gravidez na adolescência é um caso específico das classes sociais mais carentes? Quais os fatores (segundo a reportagem) que contribuem para o problema? etc. Uma vez que o aluno conseguiu interagir com o teor da reportagem, e tendo sanado algumas dúvidas em relação ao tema jornalístico, se promoverá um debate estimulando-os a posicionar-se diante de um tema importante como a gravidez na adolescência, bem como a refletir a cerca da importância de se planejar uma relação sexual com todos os cuidados que o momento requer. O debate será orientado por meio das seguintes questões:

a) Por que adolescentes estão engravidando?
b) Qual o papel do homem nessa história?
c) Quais são as principais conseqüências de uma gravidez não planejada?
d) O que fazer para prevenir a gravidez não planejada na adolescência?
e) Quais as dificuldades que os adolescentes sentem para se prevenirem?
f) Que opções têm um casal de adolescentes quando descobre a gravidez?
g) Qual é a reação do garoto quando descobre que ela está grávida?
h) E se for com alguém que se saiu só uma vez? É diferente para meninos e meninas? Por quê?
i) O que muda na vida do garoto que vai ser pai?
j) Qual a reação dos pais da garota? E dos pais do garoto?
k) Acrescente outras questões que você achar relevantes para o debate. (Sexualidade é mais que sexo, PMRB, 2007).

A seguir, cada aluno receberá uma folha A4, os alunos serão convidados a fazer um desenho que represente a personalidade deles, ou seja, se eles se consideram radicais, devem acrescentar um skate (ou outro elemento considerado radical), por exemplo. A idéia é que o aluno se reconheça no desenho.
Os questionamentos abaixo serão copiados no quadro e os alunos deverão respondê-las na mesma folha do desenho.

1. O que os pais temem que aconteça aos filhos?
2. Quais são suas necessidades de adolescente?
3. E seus pais, o que eles acham que seja importante pra você?
4. Falar sobre sexo o deixa constrangido? Por quê?
5. Acha importante falar sobre sexualidade?
6. O que fazer para evitar uma gravidez indesejada?
7. Por que evitar uma gravidez indesejada na adolescência?
8. Substitua ou acrescente outras questões que você achar interessantes para a atividade.

A intenção desta dinâmica/atividade não é criticar banalmente posições conservadoras ou liberais, e sim, reconhecer e valorizar a importância de viver uma adolescência plena, sem preocupações com riscos de gravidez. O jovem deve ser instigado a valorizar sua liberdade de adolescente respeitando os valores familiares e sociais, e que, independente de nossa cultura, religião, costumes, etc., os adolescentes devem ser conscientes de todo risco de gravidez na adolescência, e por isso, ele deve ter, reconhecer e assumir uma postura sensata diante dessa problemática. Assim sendo, este momento é oportuno para mostrar todos os contraceptivos disponíveis pela rede de saúde pública que estão ao alcance de qualquer cidadão, o aluno será orientado sobre o uso adequado de cada preservativo, sobre o modo de conservação, sobre o respeito à sua integridade física e à do(a) parceiro(a), etc.

2 – Os alunos serão convidados a participar da elaboração de um projeto de pesquisa escolar para ser executado por eles, de modo que eles vivenciem de perto o problema de gravidez na adolescência. O objetivo do projeto, modelo e metodologia proposta se encontram em anexo.
Formar grupos para que façam propostas de questões a serem colocadas no questionário de entrevista do projeto. Para isso deve ser traçado um perfil da pesquisa que se quer fazer, o que certamente irá nortear o tipo de perguntas a serem inseridas no questionário. Todas as questões devem ser apresentadas, logo a turma decidirá, com orientação do professor, as questões que farão parte do formato final do questionário.
Os alunos serão orientados sobre o modo de abordagem para as entrevistas, pois se trata de uma pesquisa escolar cujo tema é um tanto polêmico, assim, a abordagem deve ser respeitosa para evitar constranger o entrevistado.

3 – Abordagem do tema gravidez, suas etapas e cuidados durante o período pré e pós parto. O aluno deve compreender a importância de se fazer o pré-natal, e os cuidados a serem tomados pela mãe após o parto para preservar sua saúde e a do bebê. Os textos e imagens aqui sugeridos são a base desta abordagem.
Adolescência e Gravidez (em anexo)
Adolescência e o Parto (em anexo)
Aspectos psicossociais (em anexo)
A Gravidez É MESMO indesejada? (em anexo)
As Emoções da Futura Mãe (em anexo)
Importância do Pré-natal (em anexo)
17 Dúvidas freqüentes da gestante (em anexo)
Etapas da Gravidez (em anexo)

4 – Apresentar os slides sobre parto normal e cesárea (em anexo), e com a ajuda dos textos anexados para esta atividade se abordará as principais diferenças entre estes tipos de partos e o que é conveniente de acordo a cada situação da parturiente.
Seis razões para tentar o parto normal (em anexo)
Parto cesárea: os riscos de uma cirurgia agendada sem necessidade (em anexo)

5 – Apresentar os resultados finais da pesquisa para debate em sala de aula, o que inclusive pode ser estendido para toda a comunidade escolar. O aluno deve formar sua própria opinião a respeito dos dados, e deve ser desafiado a comparar os dados obtidos na escola com outros ambientes que ele tem contato, sua casa, a rua e bairro onde mora, por exemplo.

AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS

• Observação, registro e análise de como o aluno procede enquanto realiza as atividades de estudo.
• Confrontação entre ideias prévias/hipóteses iniciais do aluno com o registro de seus conhecimentos e opiniões ao longo do semestre.
• Registros e relatórios das atividades investigativas elaborados individualmente e em grupo, considerando: adequação conceitual e do uso da linguagem científica, organização das informações.
• Acompanhamento dos trabalhos dos alunos durante as atividades investigativas.
• Acompanhamento da aprendizagem das diferentes linguagens ou formas de representação trabalhadas em um tema: texto, tabela, quadro, gráfico, esquemas de etapas de transformação, maquete, relato pessoal, relatório ou outra.
• Relatórios das atividades de entrevista e pesquisa bibliográfica, elaborados individualmente ou em grupos.
• Produção de texto sobre as hipóteses do aluno e argumentações a favor ou contrárias ao julgamento de cada uma das afirmações debatidas ao longo do semestre como mito ou verdade.
• Produção de textos argumentativos sobre gravidez na adolescência do ponto de vista social e da saúde.

ANEXOS

1 –
Aumenta o índice de gravidez na adolescência
A cada ano aumenta o número de adolescentes grávidas no Estado do Acre. Para se ter uma idéia, cerca de 20% das crianças que nascem a cada ano são filhas de adolescentes. Atualmente, três vezes mais garotas com menos de 15 anos engravidam, se comparado às últimas três décadas. A maioria não tem condições financeiras nem emocionais para assumir essa maternidade.
A gravidez na adolescência acontece em todas as classes sociais, mas a incidência é maior e mais grave em populações mais carentes. O rigor religioso e os tabus morais internos à família, a ausência de alternativas de lazer e de orientação sexual específica contribuem para aumentar o problema.
Médicos, psicólogos e assistentes sociais concordam que a liberalização da sexualidade, a desinformação sobre o tema, a desagregação familiar, a urbanização acelerada, as precariedades das condições de vida e a influência dos meios de comunicação são os maiores responsáveis pelo aumento do número de adolescentes grávidas. “Como prevenção, exige-se do poder público que ofereça programas efetivos de orientação sexual e planejamento familiar. Além disso, as adolescentes grávidas, ou que já são mães, precisam ter alternativas para que possam continuar seus estudos e garantir o sustento do filho”, declarou a gerente técnica do Hospital Infantil de Rio Branco, Miza Félix.
A estudante E.F.N., de 16 anos, diz que a falta de informação foi o principal motivo que a levou a engravidar. Hoje, ela aconselha às adolescentes a não terem relações sexuais sem o uso do preservativo. Na ocasião, ela enfatizou, ainda, que não pretende ter outros filhos, pois, atualmente, sabe como fazer para evitá-los. “Pretendo continuar meus estudos, para no futuro oferecer uma boa educação para meu filho, já que minha família não tem condições financeiras para isso”, declara. (Jornal O Rio Branco, 21 de março de 2005.)

2 –
Proposta de Projeto de Pesquisa

GOVERNO DO ESTADO DO ACRE
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

Escola: Colégio Estadual...
Número de alunos envolvidos no projeto: xx
Turma envolvida no projeto: 2º
Horas aulas previstas:
Nome do projeto: Gravidez na Adolescência

Justificativa:
A cada ano aumenta o número de adolescentes grávidas no Estado do Acre. Para se ter uma idéia, cerca de 20% das crianças que nascem a cada ano são filhas de adolescentes. Atualmente, três vezes mais garotas com menos de 15 anos engravidam, se comparado às últimas três décadas. A maioria não tem condições financeiras nem emocionais para assumir essa maternidade. A gravidez na adolescência acontece em todas as classes [...] (O Rio Branco, 2005).
A própria realidade da escola nos permite verificar o exposto pela reportagem acima. É verdade que o poder público tem a responsabilidade de trabalhar na prevenção dessa e outras problemáticas, oferecendo acesso e informação aos nossos adolescentes com campanhas educativas em Unidades Básicas de Saúde, Escolas, bairros, etc. Essas atividades têm sido muito notadas pela população, mesmo assim, o índice de gravidez na adolescência parece não ter sofrido atenuação. Dessa maneira, a escola, como formadora social, se vê na obrigação de participar de forma ativa na prevenção de Gravidez na Adolescência, formando um senso crítico no aluno que o permita ter e assumir sua sexualidade de maneira responsável e sadia.

Disciplinas:

Biologia, ____________, _____________

Responsáveis pela execução do projeto:

Professores: _____________________, _____________________

Atividades:
• Elaboração de questionários de entrevista
• Pesquisa nas turmas de primeiro ano
• Pesquisa nas turmas de segundo ano
• Pesquisa nas turmas de terceiro ano
• Elaboração de relatório
• Organização dos dados
• Apresentação de resultados

Competências/Habilidades trabalhadas na realização do projeto

 
 

 


Metodologia:
As turmas de segundo ano serão divididas em grupos (o número de grupos será determinado de acordo às atividades que se fizerem necessário), construirão questionário único (no qual não haverá espaço de identificação do entrevistado, a não ser o sexo e a idade, as perguntas devem sugerir respostas objetivas para facilitar a quantificação dos dados) para entrevista nas turmas de primeiro, segundo e terceiro ano (todas as turmas ou escolhidas aleatoriamente em cada série e/ou turno). Será feito um agendamento (pelo professor) de conhecimento da equipe gestora e do professor que estiver em sala de aula no momento da aplicação do questionário, dessa maneira se evitará que os grupos voltem mais de uma vez para cada sala de aula inserida na pesquisa.
Cada grupo deverá registrar em relatório todas suas atividades e entregá-las ao professor em data marcada. Os dados coletados de cada turma deverão ser transformados em tabelas ou gráficos, a seguir todos os grupos que pesquisaram na mesma série somaram seus dados para uma mesma tabela ou gráfico. Finalmente os dados serão apresentados e discutidos com a turma e/ou comunidade escolar.

Cronograma de execução:

 
 
 
 
 
 
 
 
 


Produto:
Espera-se que os resultados do projeto apontem para a problemática de gravidez na adolescência de modo mais palpável para o aluno. Este projeto deve permitir a formação de uma consciência mais realista com a sexualidade do adolescente, uma vez, que foram eles os alvos da temática trabalhada, e eles mesmos, serão os agentes formadores de opinião.

3 -
Adolescência e Gravidez
Adolescência implica num período de mudanças físicas e emocionais considerado, por alguns, um momento de conflito ou de crise. Não podemos descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo.
A puberdade, que marca o início da vida reprodutiva da mulher, é caracterizada pelas mudanças fisiológicas corporais e psicológicas da adolescência. Uma gravidez na adolescência provocaria mudanças maiores ainda na transformação que já vinha ocorrendo de forma natural. Neste caso, muitas vezes a adolescente precisaria de um importante apoio do mundo adulto para saber lidar com esta nova situação.
A atividade sexual da adolescente é, geralmente, eventual, justificando para muitas a falta de uso rotineiro de anticoncepcionais. A grande maioria delas também não assume diante da família a sua sexualidade, nem a posse do anticoncepcional, que denuncia uma vida sexual ativa. Assim sendo, além da falta ou má utilização de meios anticoncepcionais, a gravidez e o risco de engravidar na adolescente podem estar associados a uma menor auto-estima, a um funcionamento familiar inadequado, à grande permissividade falsamente apregoada como desejável a uma família moderna ou à baixa qualidade de seu tempo livre. De qualquer forma, o que parece ser quase consensual entre os pesquisadores, é que as facilidades de acesso à informação sexual não tem garantido maior proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e nem contra a gravidez nas adolescentes.
Uma vez constatada a gravidez, se a família da adolescente for capaz de acolher o novo fato com harmonia, respeito e colaboração, esta gravidez tem maior probabilidade de ser levada normalmente e sem grandes transtornos. Porém, havendo rejeição, conflitos traumáticos de relacionamento, punições atrozes e incompreensão, a adolescente poderá sentir-se profundamente só nesta experiência difícil e desconhecida, poderá correr o risco de procurar abortar, sair de casa, submeter-se a toda sorte de atitudes que, acredita, “resolverão” seu problema. O bem-estar afetivo da adolescente grávida é muito importante para si própria, para o desenvolvimento da gravidez e para a vida do bebê. A adolescente grávida, principalmente a solteira e não planejada, precisa encarar sua gravidez a partir do valor da vida que nela habita, precisa sentir segurança e apoio necessários para seu conforto afetivo, precisa dispor bastante de um diálogo esclarecedor e, finalmente, da presença constante de amor e solidariedade que a ajude nos altos e baixos emocionais, comuns na gravidez, até o nascimento de seu bebê.
Mesmo diante de casamentos ocorridos na adolescência de forma planejada e com gravidez também planejada, por mais preparado que esteja o casal, a adolescente não deixará de enfrentar a somatória das mudanças físicas e psíquicas decorrentes da gravidez e da adolescência.
A gravidez na adolescência é, portanto, um problema que deve ser levado muito a sério e não deve ser subestimado, assim como deve ser levado a sério o próprio processo do parto. Este pode ser dificultado por problemas anatômicos e comuns da adolescente, tais como o tamanho e conformidade da pelve, a elasticidade dos músculos uterinos, os temores, desinformação e fantasias da mãe ex-criança, além dos importantíssimos elementos psicológicos e afetivos possivelmente presentes.

Adolescência e o Parto
A adolescência é um período de mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que separam a criança do adulto, prolongando-se dos 10 aos 20 anos incompletos, segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou dos 12 aos 18 anos de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil.
As piores complicações do parto tendem a acometer meninas com menos de 15 anos e, serão piores ainda em menores de 13 anos. A mãe adolescente tem maior morbidade e mortalidade por complicações da gravidez, do parto e do puerpério. A taxa de mortalidade é 2 vezes maior que entre gestantes adultas.
A incidência de recém nascidos de mães adolescentes com baixo peso é duas vezes maior que em recém nascidos de mães adultas, e a taxa de morte neonatal é 3 vezes maior. Entre adolescentes com 17 anos ou menos, 14% dos nascidos são prematuros, enquanto entre as mulheres de 25 a 29 anos é de 6%. A mãe adolescente também apresenta, com maior freqüência, sintomas depressivos no pós-parto.
Em 2000, segundo a pesquisadora Raquel Foresti, foram realizados 689 mil partos de adolescentes no Brasil, o equivalente a 30% do total dos partos do país. Hoje são mais de 700 mil partos de adolescentes por ano. O número é um golpe contra as várias iniciativas voltadas para a prevenção da gravidez na adolescência.
O que tem preocupado obstetras em geral é a possibilidade da gravidez na adolescência ser considerada "de risco", com conseqüentes complicações por ocasião do parto. Segundo Marco Aurélio Galletta e Marcelo Zugaib, a gravidez será considerada de risco quando a gestante ou o feto estão sujeitos a lesões ou mesmo morte, em decorrência da gravidez ou puerpério (após o parto). Segundo esses autores, a mortalidade materna e peri-natal são maiores na gravidez na adolescência. No Brasil, grande parte das mortes na adolescência está relacionada às complicações da gravidez, parto e puerpério. As complicações mais freqüentes da gravidez e parto na adolescência são:

1. Toxemia gravídica, que é uma doença hipertensiva da gravidez com fortes possibilidades de convulsões;
2. Maior índice de cesarianas;
3. Desproporção céfalo-pélvica, que é uma desproporção entre o tamanho da cabeça do feto e a pelve da mãe;
4. Síndromes hemorrágicas, chamada de coagulação vascular disseminada;
5. Lacerações perineais, envolvendo vagina e, as vezes o ânus;
6. Amniorrexe prematura, que é ruptura precoce da bolsa e;
7. Prematuridade fetal.

Outros ainda adicionam: anemia materna, trabalho de parto prolongado, infecções urogenitais, abortamento, apresentações anômalas, baixo peso da criança ao nascer, malformações fetais, asfixia peri-natal e icterícia neonatal.
Depois do parto, Anne Lise Scappaticci, psicanalista e autora de pesquisa sobre jovens mães, concluiu que as adolescentes oferecem mais o seio para amamentação e estimulam mais os bebês que mães adultas, favorecendo assim uma melhor interação com a criança. Essa pesquisa, entretanto, contradiz boa parte da literatura científica, a qual sugere maior risco de não atender as necessidades de seus filhos por parte das mães adolescentes.
A pesquisa de Anne Lise mostrou que as adolescentes interagiram mais e por mais tempo com seus bebês em dois, dos seis aspectos analisados: "oferecer o seio" e "estimular o bebê". Foi considerado estimular o bebê o ato de tocar, acariciar, afagar, beijar, acalentar e esfregar. Das adolescentes, 23,69% estavam no grupo que mais oferecia o seio para o bebê, enquanto 60,7% das 28 adultas estavam no grupo que oferecia menos. Quando se trata do critério "mãe estimula o bebê", o resultado é igual: novamente as mais jovens estimulavam mais seus bebês.
Quando o quesito era estimulação dos recém-nascidos, houve maior freqüência entre as mães adolescentes. Naquelas cujo bebê era o primeiro filho, 78% acariciavam, beijavam e embalavam mais a criança. Já as mães adultas, indiferente de ser o primeiro filho ou não, estimulavam pouco os recém-nascidos.

Aspectos psicossociais
A Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde, de 1996, mostrou um dado alarmante; 14% das adolescentes já tinham pelo menos um filho e as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior. Entre as garotas grávidas atendidas pelo SUS no período de 1993 a 1998, houve aumento de 31% dos casos de meninas grávidas entre 10 e 14 anos. Nesses cinco anos, 50 mil adolescentes foram parar nos hospitais públicos devido a complicações de abortos clandestinos. Quase três mil na faixa dos 10 a 14 anos.
Nos últimos 10 anos, verificou-se que as mulheres estão começando sua vida sexual cada vez mais cedo, o mesmo sucedendo com a prática contraceptiva. Até os 15 anos, em 2006, 33% das mulheres já haviam tido relações sexuais, valor que representa o triplo do ocorrido em 1996.
Inegavelmente a gravidez precoce e/ou indesejada leva a algum prejuízo no projeto de vida e, por vezes, na própria vida. Há, concomitantemente, possíveis outros riscos relacionados ao aborto e a doenças sexualmente transmissíveis entre as quais AIDS.
As taxas de gravidez e infecções sexualmente transmissíveis na adolescência são indicativos da freqüência com que a atividade sexual (desprotegida) ocorre nessa faixa etária. Talvez possam ser considerados aspectos sociais (talvez, bio-psíco-sociais) alguns fatores de risco para gravidez na adolescência:

• Antecipação da menarca
• Educação sexual ausente ou inadequada
• Atividade sexual precoce
• Desejo de gravidez
• Dificuldade para práticas anticoncepcionais
• Problemas psicológicos e emocionais
• Mudanças dos valores sociais
• Migração mal sucedida
• Pobreza (?)
• Baixa escolaridade
• Ausência de projeto de vida

As complicações psicossociais relacionadas à gravidez na adolescência são, em geral, mais importantes que as complicações físicas. Fatos que devem ser levados em consideração, inclusive pela equipe que faz o pré-natal seriam, por exemplo, o abandono do lar dos pais, o abandono pelo pai da criança, a opressão e discriminação social, a interrupção dos estudos e suas conseqüências futuras, tais como os empregos menos remunerados, a dependência financeira dos pais por mais tempo.
Os casamentos ou co-habitação precoces, motivados exclusivamente pela gravidez, tem levado a uma maior taxa de separações. Alguns autores afirmam que as uniões contraídas antes dos 20 anos terminam em separação 3 a 4 vezes mais que nas uniões contraídas após os 20 anos.
Os filhos de mães adolescentes, segundo Verena Castellani V. Santos, tendem a sofrer mais a negligência materna, têm maior risco de serem adotados, são internados em hospitais mais vezes, e sofrem mais acidentes que filhos de mães adultas. Revela ainda que eles têm um risco aumentado para ter atraso de desenvolvimento, dificuldades acadêmicas, desordens de comportamento, abuso de drogas, e se tornarem também pais adolescentes.

A Gravidez É MESMO indesejada?
Como entender a garota que tem bom conhecimento da sexualidade, conhece os métodos anticoncepcionais, tem acesso a eles, não quer engravidar e, apesar disso tudo, engravida? Que força “do mal” é esta que, contrária a todas as possibilidades, fez vingar uma gravidez? Embora não seja a regra, tem sido comum encontrar adolescentes felizes, depois do susto do resultado positivo do exame de gravidez, dizendo que a criança é bem vinda e que, apesar de seu pai ter ficado muito bravo, todos já estão festejando a vinda do mais novo membro à família.
Na opinião dessas jovens quase deslumbradas com a gravidez (muitas dissimulando, como se estivessem muito tristes), a pílula falhou, a tabelinha falhou, a camisinha rasgou... ou coisas assim mas, de qualquer forma foi alguma coisa “completamente” acidental, emancipada da vontade delas. Mas, será mesmo que não havia nenhuma vontadezinha, ainda que inconsciente, de engravidar? Algumas adolescentes grávidas, entretanto, continuam dizendo, depois do exame positivo, que não queriam e não querem ter o filho, que não se vêem criando uma criança. Estará esta jovem mãe pronta para assumir a função materna?
Mas o drama da gravidez em adolescentes não é monopólio das meninas. E o rapaz? Afinal, sem sua participação não haveria a concepção. Infelizmente, os rapazes, principalmente aqueles que apenas “ficam”, dificilmente vão sentir como sendo sua também a responsabilidade sobre a gravidez. Normalmente os rapazes têm uma visão um tanto minimizada da gravidez imposta à menina. Afinal, como pensam, a gravidez só pode ter como conseqüência, uma gigantesca transformação no corpo (que não é seu), a necessidade de um acompanhamento pré-natal (que pode muito bem acontecer sem ele), o parto (que também acontece sem ele estar presente), abandonar os estudos (que também não dizem respeito a ele), os cuidados com o bebê por alguns poucos seis ou sete anos, e assim por diante.
Sobre as razões pelas quais adolescentes engravidam, pesquisadores portugueses concluíram, por aplicação do método fenomenológico, que a gravidez na adolescência não é planejada, mas pode ser desejada. Constataram ainda que o uso de contraceptivos seja influenciado pela informação e que existem em muitas jovens expectativas de mudança de vida associada à gravidez.
Em nosso meio a questão da gravidez na adolescência continua desafiando teorias e hipóteses sociológicas. Pesquisa realizada por pesquisadoras da obstetrícia do Hospital São Paulo mostrou que, apesar de receber informações sobre métodos anticoncepcionais durante o pré-natal e depois do parto, muitas adolescentes engravidam por mais de uma vez.
As pesquisadoras realizaram uma pesquisa com 413 adolescentes atendidas pelo pré-natal do Hospital São Paulo entre 1996 e 1998. Do total, 159 (38,5%) tinham menos de 16 anos, e 254 (61,5%) entre 17 e 19 anos. Entre as adolescentes pesquisadas, 22,5% engravidaram depois de terem recebido orientações sobre métodos anticoncepcionais e, destas, 79,6% tiveram duas gestações e 20,4% três.
A conclusão desse trabalho foi que, apesar da orientação sobre métodos anticoncepcionais, as adolescentes continuam engravidando, "talvez por não terem grandes perspectivas de vida ou simplesmente por emoção", explica Cristina Guazzelli, professora assistente da Obstetrícia. "Entre as adolescentes que tiveram três gestações, foi comum cada filho ser de um pai diferente, ou seja, em cada relacionamento, repetiu-se a vontade de ter um filho com o parceiro, analisou a docente.

As emoções da futura Mãe
De modo geral não se pode dizer que as depressões previamente presentes piorem a gravidez, obrigatoriamente, pois se observa exatamente o contrário na prática clínica, algumas mulheres apresentam uma melhora da sintomatologia depressiva quando se encontram grávidas. Também não é possível tentar estabelecer alguma regra geral, segundo a qual a gravidez de adolescentes predispõe ao estado depressivo. E a base destas alterações do humor para melhor, quando ocorrem, parece estar relacionada a alguma alteração hormonal. Sendo a progesterona o hormônio dominante da gravidez, pode ser possível que exista algum benefício se estas mulheres, que melhoram da depressão durante a gravidez, continuem a tomar progesterona, fora da gravidez.
Se existe algum período da gravidez onde possa ser observada uma melhor performance emocional, essa época é entre a 17a. e 20a. semanas de gestação. Isso parece estar relacionado à produção hormonal pela placenta. Nessa fase da gravidez, o sistema endócrino da mulher trabalha ativamente para promover o crescimento uterino e do bebê. No entanto, passado algum tempo, a placenta torna-se a principal responsável pela produção hormonal. Este fato explica, em parte e como vimos acima, as sensações de melhora física, pois, a produção placentária não tem tantos efeitos secundários quanto a produção endócrina.
Mesmo assim, as reações emotivas da grávida tornam-se mais intensas e muitas delas ficam surpreendidas com sua sensibilidade emocional, onde até um simples anúncio televisivo pode fazê-las chorar. Além desses determinantes biológicos e hormonais, a grávida adolescente teria ainda razões de ordem existencial para alimentar a extrema labilidade afetiva.
Normalmente, as pessoas costumam não acreditar serem suficientemente boas, suficientemente organizadas, suficientemente ricas ou suficientemente suportadas. As inseguranças, nessas questões de auto-estima, são normais e fisiológicas. Da mesma forma, muitas mulheres não acreditam que serão capazes de ser boas mães. Em algumas adolescentes grávidas, o infantilismo fisiológico próprio da faixa etária e prontamente substituído por esse complexo de mãe incompetente.
O trabalho de parto é receado por muitas adolescentes, sobretudo porque é amplamente desconhecido. A melhor forma de ultrapassar o medo é falar abertamente sobre o assunto. A partilha de idéias com outras mulheres que sentem o mesmo pode ser uma ajuda preciosa. Durante a gravidez, a mulher pode sentir dificuldades na concentração ou na articulação de vocábulos simples. O esquecimento passa também a ser freqüente. Estes fenômenos podem ser alarmantes, sobretudo para as mulheres que não estão prevenidas. No entanto, todas estas alterações regridem com o parto.
Geralmente a adolescente grávida passa a ser rodeada de conselhos, críticas, sugestões e advertências. Todos parecem ter algo a dizer; alguns amigos querem contribuir para o crescimento do filho, professores e parentes procedem com críticas amargas e dissimuladas, familiares mais próximos com veementes censuras... e assim por diante.
Embora possa ser agradável receber alguma atenção, muitas vezes pode ser perturbador. A emotividade subjacente a este período torna a mulher hipersensível a algumas sugestões, nomeadamente, no que se refere à sua própria saúde ou à do seu bebê. Esta é uma boa altura para ignorar conselhos inúteis e para aumentar o próprio discernimento quanto às opiniões de interesse.
Mas não é raro que a grávida adolescente experimente algumas sensações de ser especial e isso pode aliviar a eventual depressão pela qual esteja passando. Quando a gravidez se torna óbvia e irreversível, a mulher passa a ter um estatus que lhe confere alguns privilégios; caixas dos supermercados prioritárias para grávidas ou de lugares reservados nos transportes públicos, etc.
De acordo com a pesquisadora Raquel Foresti, os depoimentos mostram que as adolescentes que engravidam apresentam um ponto em comum: a fragilidade no processo de formação de sua identidade. Algumas delas não conseguiram criar vínculos com o mundo do trabalho e tiveram vários empregos em um curto período de tempo. Outras não enxergam perspectivas nos estudos.
Muitas vezes elas demonstram um comportamento mais infantil do que o esperado para sua idade e não aceitam as responsabilidades. Por isso, sentem que não encontram seu espaço no mundo, analisa a psicóloga.
Para essas meninas, a gravidez tem uma dupla função. “Além de servir como justificativa para a inadequação, a barriga traz certo poder e até status dentro da família. Preenche o vazio que elas sentem por causa da crise de identidade", afirma Raquel.

Importância do Pré-natal
Chama-se pré-natal o acompanhamento de saúde da gestante que o obstetra faz desde os primeiros dias da gravidez até o momento do parto. Como a futura mamãe passa por alterações físicas e emocionais, nesse período, é importante que cuide de si mesma e do seu futuro bebê sob a orientação de um médico.

Consultas ao médico
Logo que se confirma a gravidez, a mulher deve iniciar seu pré-natal, pois, assim, compreenderá melhor o que se passa com seu corpo e ficará mais tranqüila. Na primeira consulta, o médico fará um exame clínico completo, inclusive avaliação ginecológica, e solicitará exames de laboratório. Recomendará dieta alimentar adequada e pedirá que a futura mamãe volte regularmente para acompanhamento do desenvolvimento do bebê. O intervalo entre as consultas deve ser de, no máximo, cinco semanas. No último mês, esse intervalo deverá ser semanal.

Exames de laboratório
Todos os exames solicitados pelo médico têm a finalidade de detectar algum problema materno que possa afetar a saúde do bebê. São eles:

• Hemograma - para pesquisa de anemia;
• Teste ELISA - para pesquisa de AIDS;
• VDRL - para pesquisa de sífilis;
• Exame de grupo sangüíneo e fator RH;
• Papanicolaou - para análise do colo do útero;
• Pesquisa de rubéola e toxoplasmose;
• Glicemia de jejum pós - dextrosol para pesquisa de açúcar no sangue;
• Exame de urina e urocultura - para pesquisa de infecção urinária e perda de proteína na urina;
• Exame de fezes - para pesquisa de verminose;
• Ultra-som - para avaliação do número de semanas da gestação e estado do feto.
A partir do quarto mês de gestação, a ultra-sonografia consegue mostrar o sexo do bebê. Esse exame deve ser repetido mais vezes para que o médico possa acompanhar o desenvolvimento do feto.

Orientações médicas para a gestante
Ao longo dos nove meses de gestação, o obstetra orientará sua cliente sobre:
• Condições físicas - De acordo com os exames clínicos e exames de laboratório, indicará medicamentos convenientes. Nenhuma mulher deve auto-medicar-se. (Em caso de dores de cabeça ou gripe, deve telefonar para o seu médico).
• Necessidade de vitaminas - Receitará suplementos vitamínicos que contribuirão para a saúde do bebê.
• Dieta alimentar - Esclarecerá a gestante sobre dieta balanceada, de modo a manter o peso ideal.
• Consumo de café, cigarros e álcool - Explicará os motivos da proibição de cafeína, fumo e bebidas, que podem prejudicar o bebê.
• Combate ao estresse - Recomendará técnicas de relaxamento e cursos preparatórios para o parto natural.
• Exercícios físicos - Aconselhará determinados tipos de ginástica e algumas atividades seguras, como caminhada e natação.
• Preparo para o aleitamento e cuidados com a pele - Indicará cremes especiais para prevenir estrias no abdome e fortalecer o bico dos seios.

Sinais de alerta
Em caso de emergência, como crises de pressão alta, cólicas, perda de sangue, dores lombares ou trabalho de parto prematuro, é preciso entrar em contato imediatamente com o médico.
Recomendações que toda gestante deve seguir:
• Organizar uma pasta com todos os exames de laboratório em ordem cronológica;
• Guardar, em ordem, as receitas médicas, para seu próprio controle, no caso de precisar ser atendida por outro médico;
• Ter, sempre, à mão o seu cartão de acompanhamento pré-natal, preenchido com todos os dados;
• Seguir, rigorosamente, a orientação médica;
• Não faltar às consultas e exames marcados.

Teste de risco fetal
Modernamente, há exames de líqüido amniótico que podem ser feitos, entre a décima-quarta e décima-oitava semana de gestação, para verificar riscos de anomalias do bebê, como Síndrome de Down e más formações do tubo neural.

17 Dúvidas freqüentes da gestante
1- Posso dirigir durante a gestação?
Sim. Não se esqueça de usar o cinto de segurança. Nos dois últimos meses deve-se evitar dirigir demasiadamente, pois nesta época as contrações uterinas normais podem começar a aumentar e prejudicar a concentração. Se precisar fazer longas viagens, é recomendável parar a cada 2 horas para se alimentar, hidratar-se, urinar, movimentar-se ou caminhar um pouco.

2- Posso praticar esportes?
Sim. Com moderação e que respeite os limites físicos desta fase. Atividades físicas de impacto, que exigem grande esforço físico ou que possam representar algum perigo devem ser evitadas, pois podem expor a futura mamãe e o bebê a riscos desnecessários.

3- Posso usar salto alto?
À medida que a barriga cresce o ponto de equilíbrio da mulher também se altera. É recomendável usar sapatos confortáveis de salto baixo e de base larga, evitando chances de quedas.

4- Fumar prejudica o bebê?
O hábito de fumar já é prejudicial à saúde, principalmente durante a gravidez. A gestante que fuma pode ter sérios problemas de circulação sanguínea em nível de placenta. Isto pode prejudicar muito a chegada de oxigênio para o bebê, causando não só retardo de crescimento do feto, como também um descolamento prematuro da placenta. Conseqüentemente fatores como estes diminuem as chances do bebê nascer saudável. Leia mais sobre tabagismo na gravidez.

5- Posso consumir bebida alcoólica?
O álcool é prejudicial ao bebê, não deve ser consumido durante a gravidez. A ingestão contínua de bebidas alcoólicas próximas ao parto pode levar o bebê a ter a síndrome de abstinência alcoólica fetal (ao nascer a criança poderá ter febre, convulsão, angústia respiratória, diarréia). Leia mais sobre alcoolismo na gravidez.

6- Posso tomar sol?
Devido a mudança hormonal que ocorre durante a gravidez, a pigmentação da pele pode aumentar irregularmente em algumas áreas, como no rosto. Durante esta fase, principalmente após o segundo trimestre, o uso de alguns tipos de fotoprotetor está indicado. Mesmo assim, tomar sol em excesso deve ser evitado, pois pode aumentar as manchas na pele.

7- Posso tingir os cabelos?
Apesar de não existir até o momento estudos conclusivos sobre este assunto, a utilização de produtos químicos nesta fase não é recomendada, pois o contato com substâncias com o couro cabeludo pode levá-las a circulação sanguínea e ser tóxico ao bebê. O melhor é dar preferência aos produtos industrializados evitando a mistura de cosméticos. Saiba mais sobre tinturas na gestação.

8- Posso comer o que eu quiser?
Se não houver qualquer restrição sob orientação médica, a gestante saudável não precisa restringir a alimentação que deve ser saudável, evitar tanto o excesso quanto a escassez de calorias. Leia as dicas de nutrição na gestação.

9- Por que os médicos prescrevem vitaminas para a mulher antes, durante e depois da gravidez?
O estado nutricional é um dos principais determinantes da saúde e do bem-estar da gestante. Além disso, é comprovada a relação entre o estado nutricional materno e o crescimento e desenvolvimento do feto. Mesmo em gestantes saudáveis que se alimentam adequadamente, a deficiência de micronutrientes (vitaminas e sais minerais) durante a gestação pode não ocorrer, mas também causar danos à sua saúde e de seu bebê.

10- O consumo de vitaminas engorda?
Não existe comprovação científica, principalmente com a gestante, que tenha demonstrado que as vitaminas engordam.

11- Posso ir ao dentista e tomar anestesia?
Tratamentos dentários podem ser realizados em qualquer período da gestação e a anestesia pode ser administrada sempre que for necessário. É possível que o dentista peça autorização ao médico que faz seu pré-natal.

12- Posso me submeter ao exame de Raio-X?
Se necessário você pode se submeter a este tipo de exame, pois a dose de radiação é mínima. Os médicos e técnicos que realizam o exame sempre devem ser avisados, pois em alguns casos é possível que a gestante utilize um avental de chumbo sobre o abdômen para proteger-se da radiação.

13- O que fazer para diminuir o inchaço nas pernas?
Durante o dia-a-dia tente usar meias elásticas de média compressão, apropriadas para gestantes. Sempre que possível procure manter os pés elevados. Na hora de dormir, procure deitar para o lado esquerdo, pois esta posição favorece a circulação sanguínea diminuindo o inchaço.

14- Durante a gravidez pode-se ter relações sexuais?
Sim. Desde que não haja contra-indicação médica. É preciso apenas escolher as posições mais confortáveis, à medida que a barriga cresce. Saiba mais sobre sexo na gravidez.

15- Quanto tempo após o parto pode-se ter relações sexuais?
Tanto o parto normal quanto a cesariana é recomendável que a mulher retorne às atividades sexuais apenas após 40 dias do nascimento do bebê, época em que o organismo já está bem recuperado.

16- Qual é o melhor tipo de parto?
É aquele que tanto a mamãe quanto seu bebê sai nas melhores condições possíveis. Por isso o pré-natal é tão importante, pois fornece informações úteis para ajudar o médico a decidir junto com o casal a melhor opção de parto.

17- Qual o melhor tipo de anestesia para o parto?
Depende do tipo e momento do trabalho de parto, além das indicações médicas para cada caso. Em geral, para o parto normal há duas opções: anestesia local ou raqui/peridural contínua utilizando-se pequena dose de anestésico. Para a cesariana, a anestesia pode ser raqui ou peridural

As etapas da Gravidez  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 –
Seis razões para tentar o parto normal
Por Paula Desgualdo

Como a natureza quer: se o parto normal é o desfecho natural de uma gravidez, por que fugir dele antes mesmo de saber se uma cesárea é de fato indicada para o seu caso? “O ideal é que o bebê escolha o dia em que quer nascer”, diz o obstetra Luiz Fernando Leite, das maternidades Santa Joana e Pro Matre, em São Paulo. É claro que, na hora do parto, às vezes surgem complicações. Aí, sejamos justos, a cesariana pode até salvar a vida da mãe e do filho. “Mas, quando a cirurgia é agendada com muita antecedência, corre-se o risco de a criança nascer prematura, mais magra e com os músculos ainda não completamente desenvolvidos”, adverte o obstetra.
A criança respira melhor: quando passa pelo canal da vagina, o tórax do bebê é comprimido, assim como o resto do seu corpo. “Isso garante que o líquido amniótico de dentro dos seus pulmões seja expelido pela boca, facilitando o primeiro suspiro da criança na hora em que nasce”, explica Rosangela Garbers, neonatalogista do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Sem falar que as contrações uterinas estressam o bebê – e isso está longe de ser ruim. O hormônio cortisol produzido pelo organismo infantil deixa os pulmões preparados para trabalhar a todo vapor. A cesárea, por sua vez, aumenta o risco de ocorrer o que os especialistas chamam de desconforto respiratório. Esse problema pode levar a quadros de insuficiência respiratória e até favorecer a pneumonia.
Acelera a descida do leite: “Durante o trabalho de parto, o organismo da mulher libera os hormônios ocitocina e prolactina, que facilitam a apojadura”, afirma Mariano Sales Junior, da maternidade Hilda Brandão, da Santa Casa de Belo Horizonte. No caso da cesárea eletiva, a mulher pode ser submetida à cirurgia sem o menor indício de que o bebê está pronto para nascer. Daí, o organismo talvez secrete as substâncias que deflagram a produção do leite com certo atraso – de dois a cinco dias depois do nascimento do bebê. Resumo da ópera: a criança terá de esperar para ser amamentada pela mãe.
Cai o mito da dor: por mais ultrapassada que seja, a imagem de uma mãe urrando na hora do parto não sai da cabeça de muitas mulheres. Segundo Washington Rios, coordenador da maternidade de alto risco do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, não há o que temer. “A analgesia é perfeitamente capaz de controlar a dor”, afirma. Isso porque há mais de dez anos os médicos recorrem a uma estratégia que combina a anestesia raquidiana, a mesma usada na cesárea, e a peridural. “A paciente não sofre, mas também não perde totalmente a sensibilidade na região pélvica”, explica a anestesista Wanda Carneiro, diretora clínica do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Dessa forma, ela consegue sentir as contrações e até ajudar a impulsionar a criança para fora.
Recuperação a jato: 48 horas após o parto normal, a nova mamãe pode ir para casa com o seu bebê. Em alguns casos, para facilitar a saída da criança, os médicos realizam a episiotomia, um pequeno corte lateral na região do períneo, área situada entre a vagina e o ânus. Quando isso acontece, a cicatrização geralmente leva uma semana. Já quem vai de cesariana recebe alta normalmente entre 60 e 72 horas após o parto e pode levar de 30 a 40 dias para se livrar das dores.
Mais segurança: como em qualquer cirurgia, a cesárea envolve riscos de infecção e até de morte da criança. “Cerca de 12% dos bebês que nascem de cesariana vão para a UTI”, revela Renato Kalil, obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. No parto normal, esse número cai para 3%. “A sensação da cesariana é semelhante à de qualquer outra cirurgia no abdômen. É, enfim, como extrair uma porção do intestino ou operar o estômago”, compara Kalil. E, convenhamos, o clima de uma sala cirúrgica não é dos mais agradáveis: as máscaras dos médicos, a sedação, a dificuldade para se mexer...

Parto cesárea: os riscos de uma cirurgia agendada sem necessidade
Ana Paula Pontes e Malu Echeverria

Por falta de informação, as gestantes tendem a acreditar que a cesárea é um tipo de parto mais seguro do que o vaginal. Mas dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam que não é bem assim. Estudo que catalogou mais de 100 mil nascimentos em países asiáticos, divulgado no jornal médico Lancet recentemente, mostra que as grávidas que passaram por uma cesárea têm mais chances de morrer durante o parto ou de sofrer complicações como transfusão de sangue e histerectomia. Os riscos, caso a cesárea seja realizada antes da mulher entrar em trabalho de parto e sem indicação médica, são 2.7 vezes maiores do que no parto vaginal, segundo as estatísticas. Já no caso dos partos cirúrgicos feitos antes do trabalho de parto, mas com indicação médica, o número cai para 2.1.
Dados do The NHS INformation Centre, na Inglaterra, por exemplo, trouxeram preocupação aos médicos britânicos ao mostrar que 25% dos partos no Reino Unido, entre 2008 e 2009, foram cirúrgicos. Já nos Estados Unidos, em 2005, esse índice já era de 30,2%. No Brasil, os números são ainda mais assustadores. Somente no SUS, 33,25% dos partos realizados em 2008 foram cirúrgicos, de acordo com o Ministério da Saúde, o que representa cerca de 655 mil cesáreas. Todos esses dados contrariam a recomendação da Organização Mundial de Saúde, que determina que esse tipo de parto represente somente entre 10% e 15%.
O grande problema da cesárea é quando ela é eletiva (ou seja, agendada sem a mulher estar em trabalho de parto). Se houver um erro no cálculo da idade gestacional, o que é comum, o bebê pode nascer prematuro. Sem necessidade, a criança pode deixar de ganhar peso, amadurecer os pulmões, o que acontece nas últimas semanas de gravidez, e pode ter de ficar internada na UTI neonatal.

No tempo certo
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, avaliou 13.258 cesáreas eletivas. Destas, 35,8% aconteceram antes de 39 semanas, e o resultado mostrou que os bebês nascidos com 37 e 38 semanas apresentaram mais risco de complicações, entre elas problemas respiratórios e hipoglicemia. “Muitas cirurgias são feitas sem necessidade, apenas por comodismo, tanto dos pais da criança, que querem se organizar melhor, quanto dos médicos, que não precisam desmarcar consultas para realizar um parto a qualquer momento”, diz Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês (SP).
A situação é diferente, no entanto, quando a mãe entra em trabalho de parto e, no meio do caminho, é preciso realizar uma cesárea. O risco de a criança ter problemas pulmonares é menor porque, durante o processo, o bebê sofre uma compressão no útero da mãe e, segundo Pupo, há uma série de transformações que acontecem na criança de maneira que ela fica mais preparada para sobreviver fora do útero. “Não se deve interferir num processo natural, a não ser em casos específicos em que há risco de vida para a mãe e o bebê”, enfatiza o ginecologista.
A data provável dos partos é em torno de 40 semanas de gestação. E, se mãe e filho estiverem bem, esse prazo pode se estender até 41 semanas e 6 dias.

Quando o parto cesárea é realmente necessário?
• Quando a placenta cobre parcial ou totalmente o colo do útero, impedindo a saída do bebê, a chamada placenta prévia;
• Caso a mãe tenha herpes genital com lesão ativa até um mês antes do parto;
• Em casos raros de doenças cardíacas;
• Se o bebê está atravessado, mas antes é possível tentar ajudá-lo a ficar na posição correta;
• Nos casos em que a gestante tenha aids com varga viral muito alta ou desconhecida;
• Quando há descolamento prematuro de placenta;
• Se a abertura do colo da mãe é pequena para o bebê, algo que ocorre em menos de 5% dos partos;
• Nas situações em que o cordão umbilical penetra no canal de parto antes do bebê;
• Se há diminuição drástica no fluxo de oxigênio ou nos batimentos cardíacos, o que ocorre em apenas 1% dos partos.

Parto normal
Parto cesárea
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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